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Temporada de convenções, temporada de negociatas

Paulo César de Oliveira
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Começou a temporada de convenções partidárias. Se quiser, pode chamar de temporada de horrores. Impressionante como os nossos políticos não conseguem ouvir a “voz rouca das ruas”- como dizia Ulysses Guimarães – que urra por mudanças urgentes. Não mudamos nunca. E a prova está aí, nas armações de alianças e coligações visando a disputa eleitoral. Não se busca a identidade ideológica entre os parceiros, mas sim o que eles podem oferecer em tempo de rádio e televisão na propaganda gratuita. O que eles podem agregar em votos na eleição proporcional. Sem qualquer avaliação da questão programática até porque, programa de partido é apenas para ser registrado no TSE. Surge daí o que o ex-governador Newton Cardoso definia como “casamento de tatu com cobra”, tal a disparidade entre os partidos que, num passe de mágica, se tornam companheiros de luta desde a infância. E fazem isto com a maior desfaçatez. Negocia-se abertamente, sem esconder de ninguém que a identidade se faz com quem tem o mais interessante a oferecer. O interesse do país? Que nada, o importante é o que se pode obter não na troca de favores, mas na operação de compra e venda travestida de entendimentos. O que se sabia existir, mas que se tratava de maneira mais discreta, com alguma pompa e circunstância, escrachou. Se apresenta proposta e contraproposta abertamente, sem o menor escrúpulo e mais, sem o menor temor de ofender o eleitor e, como consequência, sofrer uma punição nas urnas. Esta preocupação não existe. O eleitor nem se dá conta disto. Tem seus métodos próprios de escolher em quem votará. Critérios como o time de futebol de preferência do candidato. Sua profissão. Se ele tem algo material a oferecer, mesmo que no futuro. A igreja que frequenta e por aí afora. Competência, seriedade, compromisso? Bobagem, afinal, justifica o eleitor “depois que assumem são todos iguais”. Pois é, é destas negociações pré eleitorais, que o eleitor procura não tomar conhecimento, que surgem os “mensalões”, os petrolões, os mensalinhos e outros absurdos políticos que infernizam a vida dos brasileiros. Quem negocia agora, na composição das chapas, nas coligações, compra algo que terá que pagar caso chegue ao poder. Isto precisa ser barrado na origem, se não pelo Legislativo, a quem não interessa mudar esta realidade, pelo Ministério Público e pelo Judiciário a quem se atribui a tarefa de punir os crimes. E o que estão fazendo, é um crime.

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