E vamos nós brasileiros seguindo a trilha da própria destruição. É impressionante a capacidade que temos de gerar crises e, a partir da coisa criada, voluntária ou involuntariamente, alimentá-la. Parece que andamos, cada um de nós, com um galão de gasolina, a procura de um fogo para alimentar. Aí está o caso envolvendo o chefe da Polícia Federal que, em entrevista, deu uma declaração infeliz, afirmando que o inquérito que apura possíveis irregularidades do presidente Temer, deve ser arquivado. Claro que não foi uma declaração qualquer, de um aventureiro qualquer. Mas também não foi algo que merecesse o escândalo que se fez em torno dela, movimentando até mesmo um ministro do Supremo Tribunal Federal, de quem se exige um pouco de comedimento em suas ações. Mas comedimento não é mesmo uma das virtudes do ministro Luis Roberto Barroso (foto), que adora uma polêmica e alguns holofotes. Andou mal o ministro ao exigir de público, com estardalhaço, explicações do delegado Segóvia. O que fez não está errado. Errada foi a forma como fez, pois alimentou “briga de rua” dentro da corporação e, já nesta quarta-feira, terá que ouvir o delegado que anunciou que irá procurá-lo mostrando o inteiro teor do que, realmente, teria dito. A fonte da notícia, a Agência Reuters, se apressou em explicar os fatos e, ontem mesmo, publicou uma retificação suavizando, não desmentido, o que foi publicado. Então Barroso terá que decidir. Em política, ensinam os mais “outonizados” na atividade, mais do que os fatos o que realmente importa são as versões. E a versão já difundida, e explorada por rivais do Delegado Segóvia dentro da DF e pelos adversários de Temer, é que estaria em curso uma operação para inocentar o presidente, minando as apurações de supostas irregularidades cometidas por ele. Noblat, em seu blog na revista Veja, chegou a afirmar que, “com Segóvia na Polícia Federal, Temer não precisa de advogado”. Pronto, está “definida” a verdade dos fatos que, segundo o ex ministro, Coronel Jarbas Passarinho, tem sempre três versões: “a minha, a sua e a verdade”. Que na política é sempre a de alguém. Nunca a verdade. Até porque esta não interessa à turma da oposição que, normalmente, tem uma enorme capacidade de bater bumbo.