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Uma fala que não mudará nada

Paulo César de Oliveira
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O que esperar da fala da presidente Dilma (foto), hoje, no Plenário do Senado? Em meia hora, o que ela poderá dizer que seja capaz de alterar sua situação diante de uma hoje esmagadora maioria, que votará por sua saída? Objetivamente, nada. A presidente não tem nada a dizer que possa reverter votos que são, a cada dia em maior número, pelo seu impedimento. De concreto mesmo, a ida de Dilma ao Senado, acompanhada de um grupo de apoiadores, entre eles o ex presidente Lula, mais preocupado em mudar sua própria situação do que em salvar sua afilhada, poderá é aumentar a radicalização entre a minoria que a apoia e a maioria, em sintonia com a vontade popular, que deseja sua saída. Certamente viveremos, a partir do resultado da votação do impeachment, uma crise de governabilidade ainda mais aguda. Dificilmente Temer conseguirá levar adiante seus projetos dentro do Congresso, que regimentalmente, permite a ditadura da minoria com suas obstruções. Dilma, se por um milagre supremo, conseguisse salvar seu mandato, teria ainda mais dificuldade de governar com um Congresso que lhe é hostil, que aumentou ainda mais sua hostilidade por causa do comportamento agressivo que ela teve durante todo processo. A presidente, em todo este tempo em que está afastada, não conseguiu mudar seu próprio comportamento e abrir o diálogo. Por isso anda perdendo votos até de antigos auxiliares, que vão se aproveitar do momento para a vingança pelo tratamento que receberam. Tem ex ministro que, em quatro anos no cargo, nunca conseguiu uma audiência reservada com Dilma. O troco, podem apostar, vem agora no voto. Mas não pense o presidente Temer que, transformado em efetivo, será o beneficiário direto desta rebelião. Temer sabe, e como sabe, com que tipo de político está lidando. Sabe perfeitamente que quando sua caneta deixar de ser interina e se transformar em titular, terá que ser muito acionada. Virão as cobranças por nomeações e demissões. De liberação de verbas e de outras benesses. Infelizmente Brasília funciona assim. Por isso, lamentavelmente, nesta semana não vamos superar uma crise. Vamos começar a entrar em outra que só as urnas podem colocar um fim, mandando para casa quem só consegue sobreviver nos subterrâneos das crises.

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