Troca de comando e, ao que parece, troca de postura na Procuradoria Geral da República. Sai Rodrigo Janot (foto), que nos últimos meses andou trocando os pés pelas mãos e se transformou num grande fogueteiro, especialista em foguetes molhados. Em tantas se meteu, em algumas com doses cavalares de precipitação, que nem vai se aposentar. Sabe, como bom mineiro, que caititu fora da manada é papa de onça e, por isso mesmo, vai ficar como um comum subprocurador, ganhando com isto o foro privilegiado no STJ e se protegendo das flechadas dos políticos que, de forma justa ou não, andou denunciando. Sabe que enquanto houver bambu vai tomar flechada. E em situações assim, o melhor mesmo é arrumar uma boa carapaça bem dura, como um foro privilegiado. Mas nem só de trapalhadas foi o reinado de Rodrigo Janot à frente da PGR. Fez durante a maior parte do tempo, um belo trabalho que colocou fim à impunidade de muitos “colarinhos branco” das calças carregada de lama da corrupção. Tem muitos que já estão na cadeia, ou á beira de entrar, pelo trabalho do agora ex procurador, que deixou um grande acervo de processos e denúncias para terem continuidade, ou não, com sua substituta. Raquel Dodge, que por dois anos vai tocar a PGR, não foi a preferida de seus pares na formação da lista tríplice. Ficou em segundo lugar, mas mesmo assim, foi a escolhida por Temer, sob insinuações de alguns. Quem conhece e já conviveu com a nova procuradora-geral a define como uma acusadora firme que deixa pouca margem para contestações, mesmo nos tribunais, ao seu trabalho. Competência técnica não lhe falta, assim como seriedade no trabalho. Melhor que seja assim pois, com certeza, terá que rever algumas das denúncias apresentadas de afogadilho por Janot e formalizar dezenas de outras, com base em delações já aceitas ou em fase final de negociações. Dodge assume com a enorme responsabilidade de restabelecer a credibilidade da Lava Jato. Para isto, sabe que vai precisar conquistar a sociedade, sem se submeter a ela. Seja bem vinda. Seu trabalho será avançar, sem ceder aos que trabalham pelo retrocesso.