Amanhã, terça-feira, 3 de novembro, pode ser um dia decisivo nas pretensões de Jair Bolsonaro (foto) de buscar a reeleição. O resultado da disputa entre Trump e Biden, nos Estados Unidos, terá impacto no Brasil. Bolsonaro, como qualquer apostador inconsequente, jogou todas as suas fichas na vitória do candidato republicano e chegou mesmo a dizer que estará nos Estados Unidos para a posse de Trump, de quem é fiel seguidor em muitos atos como, por exemplo, no papel de garoto propaganda da cloroquina, que anuncia como o “santo remédio” para a cura da covid 19. Mais ou menos como o feijãozinho vendido pelo Pastor Valdomiro, como a única coisa eficaz contra o coronavirus. Para usar uma figura da infância de todos nós, Bolsonaro procurou brigas com outros países, como a criança valentona que provoca os colegas, mesmo sabendo-se mais fraca, confiando na força do irmão mais velho. A derrota de Trump poderá deixa-lo só, em brigas que não eram suas e em que se meteu para agradar ao presidente americano. Além de perder o que considera um aliado, mesmo diante das medidas protecionistas que o americano adotou e que prejudicaram setores da economia brasileira, Bolsonaro corre o risco de encontrar em Biden se não um adversário, alguém pouco amigável politicamente. Biden, sabem todos cobrará do Brasil medidas mais efetivas de proteção do meio ambiente, além de outros posicionamentos políticos e econômicos. Este é o pesadelo de Bolsonaro, que subiu muito cedo no palanque e que, internamente, está desconfortável para permanecer nele e, talvez mais ainda, em descer dele. Se permanecer, Bolsonaro terá que abrir mão definitivamente de pautas, como o combate a corrupção, que o elegeram em 2018. Flexibilizar nesta pauta o fez proteger membros de sua família e conquistar aliados, muitos e conhecidos, com rabo de palha. Foi assim que formou sua base. Se deixar o palanque, o que pode ser interpretado como um afrouxamento na busca da reeleição, certamente verá voar os rabos de palha para locais mais seguros. Bolsonaro já recebeu de Fernando Henrique o conselho para parar de falar e governar. É mesmo hora de fazer isto. Resta-lhe apenas pouco mais de um ano de governo- o último ano, 2022, é de eleição, e aí não se consegue fazer mais nada, a não ser favores para conquistar aliados. O presidente precisa se conscientizar de quanto mais fala, mais se complica, mais divide aquilo que poderia ser sua sustentação. Se quer mesmo governar o país, e até mesmo salvar seus mais chegados, precisa governar, unir pessoas em torno de uma proposta factível e de alcance imediato. Terá que trocar ministros, mas com preocupações de eficiência, não de favorecimento aos sabujos. Terá, enfim, que deixar de lado o espírito de menino marrento e adorar postura compatível com o cargo que ocupa. Jânio Quadros e Collor de Mello, que tinham o mesmo comportamento, são dois exemplos do que pode acontecer.