Para a professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Adriana Marotti a concentração de mercado faz com que as montadoras prefiram fechar postos de trabalho a reduzir os preços. “Eles preferem manter a margem de lucro”, enfatizou. “No mercado norte-americano você chega a ter situação de guerra de preços. A margem de lucro das montadoras fora do Brasil é bem menor. Aqui elas trabalham com uma gordura mais substancial”, comparou. Um dos fatores que contribui para manutenção desse cenário, de acordo com Adriana, são as restrições impostas às importações. “As quatro principais marcas têm quase 60% do mercado. Por um lado é positivo proteger a indústria nacional. Por outro, se não tem importação como alternativa, você acaba restringindo o mercado, fica praticamente um oligopólio”, ponderou.
Caem as vendas e a produção, caem os empregos
Os últimos dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), presidida por Luiz Moan, indicam que de fevereiro de 2014 para o mesmo mês deste ano houve uma queda de 8,8% no nível de emprego no setor. Ou seja, em um ano houve o fechamento de 13,8 mil postos de trabalho. As demissões acompanham a queda nas vendas e produção. Nos dois primeiros meses de 2015, as vendas totalizaram 439,75 mil unidades, 23,1% a menos do que no mesmo período de 2014. Na opinião de Adriana, a situação não deve melhorar nos próximos meses, com o desaquecimento da economia e medidas de ajuste fiscal do governo. A professora destaca ainda a queda das exportações, principalmente para a Argentina, e o fim da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Quem queria trocar de carro, acabou antecipando a compra”, acrescentou.