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Privilégios no SUS nem pagando

Paulo César de Oliveira
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Para que, em sua visão, os pacientes do Sistema Único de Saúde não virem clientes, e a desigualdade no Brasil não seja aprofundada, a Advocacia-Geral da União, comandada por Luis Inácio Adams (foto) se manifestou contrária à possibilidade de beneficiários do SUS obterem, mediante pagamento, acomodações melhores na rede pública de saúde e contratação de médicos de sua preferência. A atuação ocorre em ação prevista para ser julgada nesta quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal. O caso envolve recurso do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que negou pedido para permitir o pagamento no SUS, prática conhecida como “diferença de classe”. Para a AGU, o acórdão do tribunal deve ser mantido pelo STF, já que eventual liberação poderia representar a transformação de cidadãos em “meros clientes” do SUS. Segundo a Advocacia-Geral, tal entendimento reforçaria o “sentimento de um país de privilégios de poucos em detrimento do sofrimento de muitos”, em especial se for levado em consideração que mais de 70% da população brasileira não tem plano privado de saúde e utiliza exclusivamente os serviços do SUS. Em manifestação encaminhada aos ministros do Supremo, a AGU argumenta que a desigualdade “não pode adentrar as portas do sistema público” que o país luta para construir “sem abrir mão de seus princípios inegociáveis”.

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