O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (foto), admitiu ontem, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que o empresário Milton Pascowitch, um dos delatores do esquema de desvios da Petrobras, pagou a reforma de seu apartamento e de sua casa. De acordo com seu advogado, Roberto Podval, Dirceu negou que tenha indicado o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, apontado como indicação do PT, para o cargo. O ex-ministro foi interrogado na ação penal da “Lava Jato” na qual é réu. De acordo com a defesa do ex-ministro, José Dirceu não recebeu diretamente o dinheiro da reforma. Acrescentou que o custeio foi feito em razão da amizade entre Dirceu e Pascowitch. “Os seus pecados, o Zé Dirceu admitiu”, afirmou o criminalista, referindo-se ao relato do ex-ministro a Moro. “Tentou ser o mais claro possível, o mais correto possível. É só olhar as propriedades, o dinheiro que ele (Dirceu) tem para saber qual é a verdade disso. Muitos delatores devolveram muito dinheiro, R$ 80 milhões, ficaram com R$ 40 (milhões), estão soltos e dando risada por aí. O Zé está preso.” Podval disse ainda que “o Zé Dirceu admitiu que fez negócio, que permitiu que o Milton Pascowitch pagasse a reforma do apartamento e da casa. Ele disse. ‘Isso era uma coisa minha com Milton, eu iria pagar o Milton.’ Imagino que o Pascowitch se aproveitou da situação e ‘vendeu’ o Zé. O Zé sempre permitiu ser usado por terceiros que ganharam milhões às custas do Zé. Estão rindo aí, andando por aí, e o Zé Dirceu preso. É ridículo. O ex-ministro e mais 15 investigados foram denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Além do ex-ministro, também prestou depoimento ontem Gerson Almada, ex-executivo da empreiteira Engevix.