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Projeções são de queda da economia e dificuldades de recuperação

Paulo César de Oliveira
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A projeção de instituições financeiras para a queda da economia, este ano, está cada vez maior, enquanto a expectativa de recuperação em 2017 diminui há cinco semanas seguidas. As estimativas fazem parte do boletim Focus, publicação divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com base em projeções de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos. A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), este ano, passou de 3,33% para 3,40%, no quinto ajuste consecutivo. Para 2017, a estimativa de crescimento do PIB caiu de 0,59% para 0,50%. As instituições financeiras projetam que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feche este ano em 7,62%, no oitavo ajuste seguido. Na semana passada, a estimativa era 7,61%. Essa projeção ultrapassa o teto da meta para 2016, de 6,5%. Para o próximo ano, a expectativa é que o IPCA alcance o teto da meta (6%). O centro da meta de inflação para os dois anos é 4,5%.

 

Selic deve ficar onde está

Em um cenário de retração da economia, as instituições financeiras não esperam por alteração na taxa básica de juros, a Selic, neste ano. A expectativa é que a taxa encerre o período no atual patamar de 14,25% ao ano. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 1° e 2 de março. Para 2017, a mediana das expectativas (desconsidera os extremos nas projeções) é que a Selic encerre o período em 12,63% ao ano, ante a projeção anterior de 12,75% ao ano.

 

A inflação continua sua escalada

A pesquisa do BC também traz a projeção para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), que foi ajustada de 7,98% para 7,84% este ano. Para o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), a estimativa passou de 7,72% para 7,75%. A projeção para os dois índices em 2017 segue em 5,50%. A inflação foi medida também pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), que foi ajustada de 7,98% para 7,84% este ano. Para o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), a estimativa passou de 7,72% para 7,75%. A projeção para os dois índices em 2017 segue em 5,50%. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), foi mantida em 7,04%, em 2016, e em 5,40%, no próximo ano. A projeção para os preços administrados caiu de 7,70% para 7,50% este ano e permanece em 5,50% em 2017. A projeção para a cotação do dólar foi alterada de R$ 4,38 para R$ 4,36, ao fim de 2016, e segue em R$ 4,40 ao fim de 2017.

 

Inflação mais baixa não indica Selic menor

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Altamir Lopes (foto), disse ontem que a convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2017 não contempla reduções da taxa básica de juros, a Selic. Lopes participou de evento no Brazil Macro and Political Conference, promovido pelo JP Morgan, em São Paulo. De acordo com Lopes, a expectativa de menor alta do dólar este ano, de “uma sensível diminuição no processo de ajuste de preços administrados”, da queda da atividade econômica e do menor crescimento da economia mundial contribuem para um processo desinflacionário em 2016. “Os riscos inerentes ao comportamento recente tanto das expectativas quanto das taxas observadas de inflação e a presença de mecanismos, formais e informais, de indexação na economia brasileira não nos permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias [redução da Selic]”, acrescentou Lopes.

 

Muitos fatores que impulsionam a inflação

Para Lopes, o “fraco desempenho da atividade econômica” acrescenta desafios para a condução da política monetária. O diretor do BC lembrou que a inflação tem sido afetada por dois processos de recomposição de preços relativos: a alta do dólar e o aumento dos preços administrados em relação aos livres. “Sobre os preços administrados, importa considerar, entretanto, que o expressivo ajuste ocorrido em 2015, cuja variação alcançou 18%, deverá levar a significativa redução da inflação desses preços no ano corrente”, disse, em discurso publicado na página do BC, na internet. Lopes disse que a inflação deverá passar a refletir melhor o estado da atividade econômica e das condições monetárias. Ele explicou que o processo de ajuste macroeconômico, intensificado por eventos não econômicos (como as investigações da Operação Lava Jato) e por um contorno externo de moderação no crescimento, contribuirá para uma dinâmica menos pressionada da inflação, ao auxiliar na quebra da resiliência de preços.Por outro lado, acrescentou Altamir Lopes, as elevações da Selic feitas anteriormente “restringirão a propagação de alta de preços para períodos mais distantes”. Ele informou que o Banco Central espera a queda da inflação em 2 pontos percentuais no primeiro semestre, o que deve levar as projeções do mercado à estabilidade ou até à redução desse indicador.

 

Alta do dólar tem efeito de curto prazo sobre os preços

Sobre o repasse da alta do dólar para os preços ao consumidor, o diretor do BC ressaltou que o feito predomina no curto prazo. Entretanto, no médio prazo, o efeito desinflacionário das condições da economia real tende a prevalecer, acrescentou Lopes. “Adicionalmente, é importante notar que o câmbio passou por expressiva depreciação em 2014 e 2015 – 21% no segundo semestre de 2014 e 47% em 2015, para ser mais preciso –, deixando menor espaço para movimentos significativos de depreciação em 2016.”

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