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Não basta pegar os malandros federais

Paulo César de Oliveira
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Bom, mas e se, ao final, não sobrar ninguém? A pergunta pode parecer infantil, mas é a que boa parte da população se faz. A dúvida é quanto o limite da Lava Jato. Até onde ela vai, até quando ela vai e se vai ter força política para prosseguir, para ir “tratorando” o que encontrar pela frente. Quanto a não ficar nenhum político em pé, a dúvida é pela quantidade deles que aparece a cada semana. Vão surgindo aos borbotões, mas, assim como aparecem, desaparecem, encobertos pelas figuras de sempre, “arroz de festa”, para usar uma definição popular, de todas as delações. Há um núcleo e é sobre ele que se concentram as atenções da imprensa e, consequentemente, do povo. Há muitos, talvez centenas deles, que se beneficiam da falta de expressão política, pelo menos no âmbito nacional, e acabam esquecidos. A qualquer momento ressurgirão e, se tudo der certo para o povo, receberão suas condenações. O problema é que no Brasil é quilométrica a distância entre a condenação e a punição. São tantos recursos, tão magnânimos nossos juízes, sempre preocupados com uma ampla defesa que ninguém conhece os limites, que as decisões vão se arrastando e arrastando o país para o abismo. E você, caro leitor, talvez não tenha se dado conta ainda de que, até agora, estamos tratando dos “malandros federais”. Não descemos aos estaduais e estamos muito distantes dos municipais. Se quisermos realmente passar a limpo a política brasileira, se quisermos mesmo moralizar o país, é preciso que nos estruturemos para acompanhar o que acontece por este país de vinte e seis estados, mais o Distrito Federal, e com quase seis mil municípios. Tem gente fazendo “safadezas” por todo canto, enquanto nos concentramos apenas naquilo que fazem deputados federais, senadores e governo federal. Pouco vai adiantar se limparmos lá em cima, deixando a sujeira em baixo. Pois são os de baixo que sustentam os que estão acima quando não, eles próprios, em algum momento ascendem a um posto mais elevado. Que o esforço que faz o juiz Sérgio Moro (foto) e a equipe de procurador do Ministério Público e agentes da Polícia Federal, encontre respaldo nos estados, nos municípios. É preciso também que os tribunais superiores sejam mais dinâmicos, que priorizem os casos de corrupção. Ficar julgando se é constitucional ou não a proibição de se entrar nos cinemas com saquinhos de pipoca, preterindo julgamentos que podem mudar o país, é não fazer justiça. É apenas dizer que temos instituições que funcionam. Mas para que funcionam, é outra conversa.

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