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Pequenas empresas tentam pelo menos cobrir seus custos

Paulo César de Oliveira
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As pequenas empresas têm sido fortemente afetadas com a crise política e econômica do país. Forçadas a cortar os gastos e demitir para se adequar a nova realidade, muitos têm procurado sobreviver a essas turbulências e manter as portas abertas. Este é o caso de Oswaldo Miranda Jr, da Boca do Forno, uma franquia familiar, com várias lanchonetes em Belo Horizonte. Os problemas são muitos, segundo ele, mas as vendas vão bem, os gastos é que são muitos e cada vez mais altos e o faturamento tem sido praticamente para cobrir as despesas. Como outros setores, 2016, segundo Oswaldo Jr foi um ano perdido.

 

As expectativas de melhora com a mudança no governo federal não se concretizaram?

As empresas não estão bem não. Estamos sobrevivendo. Não tem ninguém que está bem. Demitimos muita gente e tivemos que nos adequar a conjuntura do país. A Boca do Forno é uma franquia familiar, são várias lojas nas mãos de membros da família e nós sentimos. como todo mundo, pois tivemos que enxugar e estamos sobrevivendo graças as medidas que tomamos. Nós tínhamos a expectativa com a saída da ex-presidente (Dilma), mas ainda não surtiu efeito. Tenho contato com muita gente de restaurante e estão todos em situação muito difícil.

 

Como foi esse enxugamento?

Nós tivemos que cortar 10% do pessoal em todas as franquias. Estamos todos no mesmo barco. As vendas continuam boas, mas as despesas estão muito altas e o que estamos vendendo não está cobrindo o aumento que tivemos nas despesas. Quando alguém tem uma margem de lucro, ela é muito pequena e está ficando cada vez menor.

 

As medidas anunciadas pelo presidente Temer podem surtir efeito?

Por enquanto não estamos percebendo nenhuma alteração e acredito que só a partir do ano que vem devemos ter alguma recuperação. Esse ano foi jogado no lixo. Mas o ano passado ainda foi pior do que este ano. Neste vivemos uma pequena melhora, mas não o suficiente para recompor as perdas. Nós estamos trabalhando para fechar o ano com o mesmo faturamento do ano passado, que foi menor. Nós tivemos uma oportunidade de negócio na Vila da Serra e fechamos a loja do Mangabeiras para viabilizá-la. Transferimos a estrutura para a Vila da Serra.

 

São negócios como o da sua família que geram maior número de empregos no país, mas a sobrevivência está difícil?

No nosso ramo tem empresários que estão em situação ainda pior. Muito difícil passar o ano sem aumentar o faturamento. Aluguel subiu, imposto subiu é difícil passar o ano sem crescimento. O que estamos trabalhando agora é para manter as portas abertas. Depois, vamos ver o que vamos fazer. Se para nós que estamos no mercado há 40 anos é difícil, imagina para quem vai começar agora. Podemos contar nos dedos os que conseguem abrir um negócio novo e prosperar com esta crise.

 

Falta apoio dos governos?

Falta. Não temos nada. O governo não apoia os pequenos. O governo olha muito para as fábricas, para os fabricantes de carros, mas são os pequenos que geram mais empregos, esses não tem nenhum apoio. As pequenas empresas deveriam ser mais incentivadas, mais valorizadas. São todos contra nós. O governo quer arrecadar o máximo que puder e a gente paga para fazer a máquina funcionar com mais impostos. Se incentivassem mais as pequenas empresas para que elas pudessem expandir, elas ajudariam o país a sair dessa situação e a fazer com a economia volte a se desenvolver, como no governo de Fernando Henrique. O governo gasta mais do que arrecada e não percebe que precisa cortar os gastos, cortar os custos, como todos nós estamos fazendo. O governo precisa incentivar os que geram de emprego e renda. São as pequenas empresas que tem mais potencial para fazer a economia cresce.

 

Alguns estão vendo semelhança do governo Temer com o governo Itamar, com a situação voltando se normalizando aos poucos?

Está parecido sim, está cortando gastos e tentando colocar as coisas em ordem. Pelo que nós entendemos em termos de negócios, se estamos gastando muito, temos que fechar as torneiras e cortar os gastos. O governo precisa fazer isso urgente. Se o governo gastar mais do que deve, ninguém vai acreditar no Brasil, ninguém vai querer investir aqui.

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