“Com uma personalidade dominante, sempre há o perigo de se cercar apenas de pessoas que digam sim. Acho que, no início do PT, havia vozes diferentes e pessoas que desafiavam Lula (foto). Acho que, quando ele se tornou presidente, isso se tornou um problema. Talvez não tenha havido pessoas suficientes dizendo: ‘Lula, você está cometendo um erro, precisa ir numa direção completamente diferente’”. O diagnóstico é do acadêmico britânico Richard Bourne, autor do livro Lula of Brazil: The story so far (“Lula do Brasil: a história até agora”, em tradução livre), que, em entrevista à BBC Brasil, expressou preocupação diante da primeira condenação do líder petista no âmbito da operação Lava Jato. O biógrafo, que conviveu com Lula no final de seu primeiro mandato, não está convencido de que o petista tenha sido o chefe do esquema de corrupção na Petrobras, mas acredita que ele “não fez perguntas suficientes” sobre como o partido arrecadava os recursos de campanha e geria a estatal. Bourne tampouco embarca na tese alimentada pelo PT de ele é vítima de uma perseguição política por parte do Judiciário.