Tem razão o presidente da Câmara dos Deputados quando afirma que o paciente não pode ficar esperando, na sala de cirurgia, com a barriga aberta. Só que não é “o paciente”. Os dois pacientes, o governo Temer e o Brasil, não podem ficar na sala, com as vísceras expostas, enquanto os cirurgiões não decidem se vão ou não trabalhar nesta semana. É preciso decidir logo se vão, ou não, conceder a licença para que Temer seja processado. Esperam o quê os parlamentares? Que o preço do voto no leilão fique mais alto? Certamente não é a resposta das “bases” sobre como devem votar, até porque isto nunca preocupou nenhum parlamentar- senador, deputado ou vereador- que sempre votam de acordo com interesses muito específico. Aliás, eles podem se sentir liberados para votar como quiserem, pois está evidente, que, para a população, tanto faz a água correr para baixo como para cima. Duvidam? Onde está a população neste momento? Quieta, procurando distância de tudo que se relacione com política. Se assim não fosse, haveria algum alarido das ruas que, pelas pesquisas, reprovam em quase 100% o presidente e seu governo. Mas ninguém fala nada, a não ser, claro, os mesmos de sempre com o discurso ‘fora Temer’, que, também não significa o que está sendo gritado. “Fora Temer” na prática é uma defesa de Lula que precisa politizar tudo para ver se se livra das acusações. Como brigar para evitar a condenação de Lula ou tirar Temer não entusiasma o cidadão, ninguém se mexe, ninguém protesta, nem mesmo contra as reformas.
Mas esta paralisia do Congresso e do povo tem consequências sérias para a economia. O país vive a incerteza quanto ao seu rumo e num ambiente assim, não há como se imaginar a retomada da economia e dos investimentos. Há sim sinais de melhorias, com redução do número de desocupados – não de desempregos pois a oferta de vagas aconteceu no mercado informal- e de aumento da produção em alguns setores, com queda em outros. São soluços apenas, resultados de expectativas com base em propostas que precisam ser decididas logo. Senhores deputados, votem logo. Votem sim ou não, mas decidam a situação de Temer. Votem sim ou não, mas decidam as reformas em tramitação. Decidam com clareza as regras do jogo. Só assim poderemos voltar a crescer. E se crescermos será bom para todos, inclusive para quem vai tentar reeleição. Para Lula, é verdade, pode não ser bom.
Não são apenas os parlamentares que precisam votar para que o país retome a confiança e o crescimento. Os senhores ministros do STF, do TSE e do STJ, precisam tirar das gavetas os inúmeros, centenas talvez, de processos que envolvem políticos que, por alguma razão superior, não são decididos. São pessoas que se preparam para disputar novamente uma eleição, correndo o risco de renovarem mandatos e permanecerem nos gabinetes oficiais, quando deveriam estar na cadeia. Ou de não renovarem, perderem o foro privilegiado, e verem seus processos retornarem às instâncias inferiores e, na prática, nunca serem julgados. Quem sabe um mutirão para julgar logo todos os processos envolvendo políticos, ajudando na faxina da vida pública para que o país possa virar a página da vergonha.