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Expectativa é de que inflação perca influência da greve dos caminheiros

Paulo César de Oliveira
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O efeito da greve dos caminhoneiros na inflação deve começar a se dissipar ainda neste mês, com a reversão da alta de preços da gasolina e do gás de cozinha, por exemplo, segundo avaliação de especialistas. Em junho, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 1,26%, a maior taxa para o mês desde 1995, de 2,26%. O resultado superou a previsão de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC), que projetavam variação de 1,15%. Também ficou acima da previsão do BC, que era 1,06% para o mês passado. Em maio, o efeito do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, no final do mês, se somou às pressões sobre os preços de energia e combustíveis. Com isso, o IPCA teve alta de 0,40%. Em junho, a aceleração ocorreu devido a intensificação dos efeitos da paralisação sobre os preços de alimentos e combustíveis e a da mudança de bandeira tarifária.

 

Fim da demanda por medo da escassez

O coordenador do curso de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Márcio Salvato (foto), explicou que a “explosão” da inflação em maio e junho ocorreu devido ao aumento da procura por produtos como a gasolina e o gás de cozinha. “Houve excesso de demanda porque as pessoas estavam querendo fazer estoque. Produtos como gasolina, gás de cozinha subiram. Além disso, teve o efeito de mudança na estrutura de custos com frete”. Para Salvato, a inflação pode até ficar abaixo do esperado com os preços da gasolina e do gás voltando ao normal. “Deve haver descida dos preços dos produtos que sofreram efeito direto”, disse. Ele destacou que não tem risco de se perder o controle de inflação por causa dos efeitos da greve dos caminhoneiros.

 

Inflação

Segundo o Relatório de Inflação, divulgado em junho pelo BC, a partir deste mês, a despeito dos efeitos defasados da alta do dólar observada desde o final de abril e do aumento projetado para passagens aéreas, em julho, espera-se por taxas de inflação mais baixas. Isso deve acontecer devido à reversão dos efeitos do desabastecimento gerado pela greve dos caminhoneiros, a sazonalidade favorável dos preços de alimentos e a elevada ociosidade da economia. Para o BC, a retomada da atividade em ritmo mais gradual que o esperado contribui para manutenção da inflação em patamar baixo, mesmo com o efeito pontual da greve dos caminhoneiros. Para este mês, a previsão das instituições financeiras consultadas pelo BC é que o IPCA fique em 0,35%, e caia para 0,12%, em agosto. “Esperamos que já em julho esse efeito comece a ser diluído. A gente teve essa pressão agora em junho, mas em julho já deve reduzir”, disse o economista Marcio Milan, da Tendências Consultoria. Por ser considerada uma alta pontual, o economista lembra que o risco de descumprimento da meta de inflação é zero. A meta é 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. “Mesmo com outros acontecimentos, como câmbio e as tarifas administrativas, o risco é zero. As projeções continuam abaixo do centro. Nossa projeção é que o IPCA fique em 3,7% neste ano”, disse Milan.

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