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Impossível governar como se comanda uma empresa 

Paulo César de Oliveira
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Uma das principais empresas do Estado, a Codemig, encerra os quatro anos do governo de Fernando Pimentel, como se fosse uma pérola, segundo o seu presidente, Marco Antônio Castelo Branco (foto). Vindo da iniciativa privada, ele disse ter visto seu potencial de trabalho reduzido à metade devido as limitações impostas por leis que regem a administração pública. Por outro lado, considera a experiência como extraordinária e deixa a Codemig investindo em um projeto de altíssimo risco, mas com potencial de revolucionar a indústria: a produção de grafeno. O material tem como principais características a leveza, flexibilidade, transparência, impermeabilidade e resistência, que chega a ser 200 vezes superior ao aço, além de ser condutor de eletricidade.

 

Como é esse projeto?

Temos um laboratório, uma fábrica de imãs de terras raras. Terras raras é um minério de rejeito do nióbio. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) fez uma parte da pesquisa de como beneficiar as terras raras e fazer o metal. O grafite é o ponto de partida para a produção de grafeno. Minas Gerais possui uma das maiores reservas mundiais de grafita, mineral a partir do qual se extrai o grafite. Nós vamos produzir imãs de alta performance para motores de imã permanente. São motores que vão em drones, em carros elétricos, motores de altíssima tecnologia. É um projeto de altíssimo risco. Não tem parceiro privado disponível para fazer isso, então, o Estado está fazendo. Nós vamos desenvolver e nós vamos atrair o setor privado para entrar conosco, até chegar o momento em que o risco diminui e ele vai fazer sozinho. O único local no Brasil produzindo grafeno é em Minas Gerais, com a Codemig.

 

Como se chegou ao grafeno?

Nós pegamos a grafita junto com os cientistas do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) e da Universidade Federal de Minas Gerais. Nós o Estado, estamos bancando R$ 23 milhões para produzir grafeno a partir de grafita. É o único lugar no Brasil que está produzindo. Você pode fazer com ele plástico de altíssima resistência, tinta anticorrosivas, telas que se usa em celular. Grafeno é um material bidimensional, ele tem apenas um átomo de carbono, que nós estamos produzindo. Existe um outro instituto, em São Paulo, que é o Mackgraph, da Universidade Mackenzie, que tem pesquisa em grafeno, mas não produz. Nós produzimos, a partir da esfoliação química da grafita. Estamos desenvolvendo parceria com a Weg, para fazer tinta, a Magnesita quer produzir novos refratários. Estamos discutindo com a Gerdau, com a Rodia, com pessoas que querem ter acesso ao grafeno. O capital estatal entra em determinadas áreas, em que complementa o capital privado e o capital privado, normalmente, tem a relação risco/benefício e quando o risco é muito elevado ele não consegue ver o benefício, então ele não vai, não investe. Foi por isto que quem descobriu o nióbio fomos nós, o Estado, que investiu em pesquisa pelas quais a iniciativa privada não se interessou.

 

O senhor foi um dos principais assessores do governador Fernando Pimentel, nesses quatro anos. Como foi essa experiência, o senhor que veio da iniciativa privada para o Estado?

Passei a vida inteira no setor privado. No setor privado você pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Aí você vira gestor público e só pode fazer aquilo que a lei permite. É uma mudança muito grande. A produtividade do indivíduo cai pela metade, no mínimo, porque o fato de ele depender do que a lei autoriza, ele não pode ter iniciativa que não está prevista na lei. É uma experiência fascinante, estou muito realizado. A Codemig hoje é uma pérola, ela retomou àquilo para o qual ela nasceu, na época em que era Camig: estimular o desenvolvimento e produzir fertilizante. Graças a sensibilidade do governador Pimentel, que retomou essa função, nós vamos deixar uma herança fabulosa em todas as áreas: de tecnologia, de biotecnologia, na área de economia criativa. Nós estamos preparando a nova economia de Minas Gerais.

 

Esse discurso do setor privado de que vai administrar o público como no privado é real?

É difícil. Tem problemas da crise econômica que não estão relacionados. São problemas estruturais como a Previdência. Não se pode mandar funcionário público embora.

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