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Euforia que pode levar a cobranças imediatas

Paulo César de Oliveira
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Há uma euforia crescente no país. O setor produtivo e mesmo os consumidores, acreditam numa rápida recuperação da economia e que, muito em breve, seremos um país feliz, que vai encantar o mundo com a velocidade de seu crescimento. O cidadão comum, aquele que está desempregado, com o nome sujo nas instituições de crédito e que se preocupa ao sair de casa ou ao ver os filhos indo para as baladas, ou mesmo para a escola, com medo da violência, começa a entrar na onda do Brasil que vai prá frente, com sua gente humilde e tão contente. Em parte isto é bom. Todo governo que se inicia precisa mesmo da confiança da população, especialmente aqueles que têm muitas reformas a promover. Mas é bom tomar cuidado, pois se o otimismo e a confiança impulsionam as mudanças, elas são altamente perecíveis e exigem respostas muito rápidas. Qualquer um que esteja em dificuldades é imediatista. Quer, e precisa de respostas rápidas. E elas não são assim. Os eleitos em outubro e que vão assumir o país em pouco mais de um mês, estão anunciando que darão um verdadeiro “cavalo de pau”, mudando radicalmente seu rumo- em especial na economia- e isto, para os minimamente sensatos, não se faz de um momento para outro. Eles sabem também que os resultados de uma correção de rumos do porte que andam prometendo, não são imediatos. Mas a demora em apresentar resultados pode causar desalento e alimentar reações. O melhor para o país é que a primeira mudança a ser feita seja a da transparência. Explicar com clareza o que se busca e porque se busca. Por exemplo, o que se busca com a privatização total. Não que o Estado empresário seja solução, bem ao contrário até, mas daí a dizer simplesmente que haverá uma “Black Friday” de estatais, sem explicar bem os ganhos que se pretende, vai uma diferença enorme. Ou ainda trombetear mudanças na educação, sem primeiro sem ter um diagnóstico completo das condições de se promovê-las, especialmente em relação ao pessoal. Isto em falar na saúde, setor em que os governos, tanto federal quanto estaduais, parece, andam tão perdidos que nem promessas mirabolantes fazem. Assim é de assustar. É assim, entre a euforia e a incerteza, que assumem os próximos governantes. Pelo andar da carruagem, vamos passar da expectativa do novo para a frustração do “de novo”. Uma sensação que é mais forte em relação aos governos estaduais, que já saíram das urnas de pires na mão. Os eleitos, em vez de se articularem em torno de uma pauta de interesses comuns, correm para se mostrarem simpáticos ao próximo presidente, numa adesão inconsequente, cujo único objetivo é buscar preferência no atendimento de reivindicações. Esta sempre foi a prática. É preciso mudar este jeito de fazer política. De nada adianta o adesismo, assim como de nada adianta a oposição raivosa. É preciso parceria em torno de propostas que sejam realmente de interesse comum, respeitando-se, evidentemente, as diferenças. Problemas todos têm. É preciso então que sejam buscadas soluções comuns. Sem mágicas. Na velocidade possível e sem manobras radicais como os eufóricos de plantão nos governos veem anunciando. Velocidade e manobras radicais costumam fazer capotar os veículos.

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