Governo tem que controlar os grupos de pressão

Que a reforma da Previdência é fundamental para a economia brasileira parece não haver dúvidas. Pelo menos entre os que pensam o país de uma forma mais séria. O problema é que, para a maioria que concorda com a necessidade, ela deve ser feita sem atingir os seus privilégios. Reforma boa e necessária é a que atinge as regras dos outros, preservando as nossas. Este tem sido o entrave das propostas. Os governos que tentaram, tiveram que agir superficialmente, tirando de onde era possível, sem atingir o necessário. Não deve ser diferente agora. Os grupos de resistência se assanharam e a perspectiva é de dificuldades já na elaboração da proposta. Dificuldade que será ainda maior na votação. Tanto pela pressão de grupos, quanto pelo desconhecimento do problema pelos parlamentares. Ainda há deputado com o discurso de que, antes de se promover uma reforma, é preciso cobrar os débitos dos inadimplentes com a Previdência. Apenas a cobrança desses débitos, garantem os mal informados, seria suficiente para acabar com o déficit do sistema. A desinformação, com certeza, ajuda aos grupos de pressão em seus discursos quanto a especificidade de suas funções, o que impediria alterações em suas aposentadorias. Estes grupos de pressão estão, especialmente, no setor público e, mais claramente, na área militar. O governo terá que agir para enquadrar estes grupos. Se ceder a estas pressões, qual autoridade terá para exigir sacrifício do cidadão comum, que não tem poder para se fazer ouvir como têm, por exemplo, os militares? Qualquer que seja sua proposta – ainda há muita divisão na equipe comandada pelo ministro Paulo Guedes (foto) que elabora o documento- o governo tem que agir rápido. Colocar o tema em debate no Congresso o mais rapidamente possível e agir pela aprovação rápida. Tem que aproveitar o encantamento do recém empossado. Depois, tudo fica mais difícil.