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Uma vaga no Supremo foi o acerto com Moro

Paulo César de Oliveira
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Nem se pode dizer que o presidente Bolsonaro soltou uma bomba, ontem, em entrevista à Rádio Band, de São Paulo, quando anunciou que, na primeira oportunidade, fará a indicação do por enquanto ministro Sérgio Moro, para uma vaga no Supremo Tribunal de Federal. Vaga que surgirá em novembro do ano que vem, quando o decano Celso de Mello completa 75 anos e será aposentado compulsoriamente. Aliás, o presidente não anunciou, apenas confirmou o que todos já sabiam: o compromisso com Moro era de arrumar-lhe uma vaga no Supremo para que ele abandonasse os 22 anos de carreira para ser “garoto propaganda” do novo governo. A fala do presidente apenas colocou às claras o “segredo de Polichinelo” que era a nomeação do homem forte da Lava Jato, ícone do combate à corrupção, para um cargo “ad nutum”, deixando uma carreira sólida de duas décadas que até poderia levá-lo ao mesmo cargo, sem negociatas. O compromisso da vaga que o presidente reiterou publicamente, deixa mal o ministro Moro. Para usar uma expressão popular, deixa-o “pelado na janela”, confirmando que ele negociou seu prestígio. A dúvida agora já não é sobre a negociação. A semana deverá ser pródiga em especulações sobre as razões do presidente Bolsonaro para revelar abertamente a negociação com Moro. Revelação, ou melhor confirmação, que vai agitar Brasília, com a volta estridente das acusações de que o então juiz Moro só condenou Lula para afastá-lo do processo eleitoral, como parte de um acordo. Bolsonaro mediu as consequências políticas de sua fala? Certamente que sim, pois elas podem ser graves. E se mediu, e se falou o que falou, é porque deseja se livrar de Moro o mais rapidamente quanto possível. O ministro se encaixa perfeitamente na lição de Tancredo Neves: não nomeie quem você não pode demitir. Moro ainda tem mais expressão popular do que Bolsonaro, fruto de um belo trabalho de marketing que fez à frente da Lava Jato. Mas tem causado problemas políticos ao presidente com seus projetos anticrime. Uma saída do ministro talvez arrume as coisas politicamente para a aprovação das outras reformas. Demiti-lo? Não, não tem jeito. O que dá para fazer é arrumar algo que mexa com seus brios e o faça deixar o cargo agora para ser recompensado depois. Isto dá para fazer. Quem sabe é isto? Desculpem, mas na política é impossível não especular. Ainda mais sobre fatos sem explicações.

 

Bolsonaro e o compromisso de levar Moro ao STF

Ao tornar explícito o compromisso que tem com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para indicá-lo para a primeira vaga no Supremo Tribunal Federal, o presidente abriu a semana causando polêmica nas redes sociais. Segundo Bolsonaro, “se Deus quiser, cumpriremos esse compromisso” e emendou que “uma pessoa da qualificação do Moro se realizaria dentro do STF”. Mas, para muitos, a saída de Moro do governo iria diminuir a tensão entre o presidente e os congressistas, que não escondem o constrangimento de tê-lo no governo, tanto que tentam a todo custo enfraquecê-lo no governo. Até agora, tem conseguido impor derrotas importantes ao ex-juiz da Lava Jato, que entrou no governo disposto a continuar sua cruzada contra a corrupção.

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