Uma das mais celebradas artistas plásticas mineiras, Yara Tupynambá, inaugura amanhã a exposição “Yara Tupynambá – Uma vida na arte – Obras de 1957 a 2019” e abre o novo endereço da Errol Flynn Galeria de Arte. O espaço, que passa a funcionar na rua Curitiba, 1.862, Lourdes, irá expor 106 obras da artista, de 10 de junho a 5 de julho. Yara Tupinambá (foto) conta que, mesmo com 87 anos, quase todos dedicados à arte, ela se vê entusiasmada em mostrar nessa exposição um pouco da nossa história contada em pinceladas e nos painéis espalhados pelos principais prédios públicos de Belo Horizonte. Além disso, mostra-se “antenada” com o que acontece no país e disse ter participado de todas as manifestações de rua. Aproveita para mandar um recado para o presidente Bolsonaro, para que ele deixe as redes sociais para fazer mais ações sociais.
O que os visitantes da galeria Errol Flynn irão encontrar nesta exposição?
A exposição está linda. Eu estou entusiasmada porque o espaço está muito bonito e será uma grande exposição.
O que está reunido nessa exposição?
Tem um painel grande que é da galeria, não é meu mais. Tem outros dois painéis, um que é “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, que veio dos textos de São João e que, na verdade, continuam muito atuais pois é a fome, a guerra, a peste e a morte. Este é um trabalho denso, importante. Eu fecho um ciclo ecológico. Começo com a floresta do Vale do Rio Doce, passo para a Serra do Cipó, passo pelas imagens rupestres, por Inhotim – que é uma mistura de natureza construída com natureza de verdade e depois entro só com a natureza construída.
A senhora tem painéis nos lugares mais importantes em Belo Horizonte e no estado. A exposição conta um pouco da nossa história?
Tenho painéis na cidade toda. Tenho na Assembleia Legislativa, na Universidade Federal de Minas Gerais, no Serpro, no Tribunal de Contas, na Câmara Municipal. Eu tenho praticamente toda a história de Minas pintada por mim.
A senhora, que acompanhou muitos desses anos da política brasileira, como avalia o momento atual?
Estou esperando, como todo brasileiro, que saia a reforma da Previdência, porque não há como ser contra uma coisa, que não digo que seja a solução de 100% dos problemas do Brasil, mas é preciso parar com essa despesa louca que o governo tem e racionalizar as aposentadorias, porque tem gente que aposenta com 45 anos, 50 anos. Isso não é possível mais. Nenhum país do mundo aceita mais isso. Estou na expectativa e esperamos que a Câmara não vá fazer uma política que seja contra o próprio país. Nós esperamos que eles entendam que esse projeto não é do governo atual, não é um projeto do Bolsonaro. Ele já vinha sendo estudado há muito tempo e ele é fundamental para o país.
Os políticos não têm muita consciência em relação aos problemas do país?
Eles são muito jovens, a Câmara nova é feita por gente muito nova, eles são muito jovens. Não posso julgar porque não conheço os representantes de cada estado, mas vejo que eles são muitos jovens e talvez não percebam a importância disso para o país. Espero que eles percebam. Mesmo que eles não tenham uma preparação, eles estão tendo uma percepção do país.
Se a senhora fosse pintar um quadro que representasse esse momento no país, qual seria?
Difícil falar de esperança e da liberdade. Eu retratei a liberdade no painel da “Inconfidência Mineira”. Na Universidade Federal tem uma figura de três metros sobre a liberdade, uma liberdade que nós estamos tendo. Apesar de o PT achar que não, nós estamos tendo liberdade. A justiça também tenho a impressão, que temos que entrar nesse assunto. Mas dependemos ainda muito do Congresso Nacional. Penso que essa conscientização será muito importante.
A senhora chegou a ir para as ruas participar das manifestações?
Eu fui em todas, menos nessa última (manifestação pró reformas, ocorrida no último domingo de maio), porque estou fazendo fisioterapia no pé e não estou conseguindo andar muito. Nas outras eu fui. Participo muito ativamente da vida política do país, porque sou brasileira e tenho que ter uma consciência política, como todo brasileiro.
Se pudesse mandar um recado para o presidente da República e para o governador, qual seria esse recado?
Em primeiro lugar, que vejam o que seria bom e importante para o país. As leis que seriam mais importantes. Em segundo, que conversassem menos e agissem mais. Ele (Bolsonaro) não precisa falar tanto. Tem que largar as redes sociais. Não precisamos de redes sociais, precisamos de ações sociais.