A frase é dura, mas realista: As pessoas mais pobres, segundo o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID, Luis Alberto Moreno (foto) “terão que se colocar diante de uma decisão muito difícil, que é a vida ou a comida”. É verdade. Estamos caminhando para esta encruzilhada, parte pelo pouco conhecimento científico sobre a pandemia e as formas de controle, parte pela indisciplina histórica do brasileiro, agravada pelo comportamento pouco sério, para não dizer irresponsável, de algumas autoridades no trato da questão. Os governos, e muito especialmente o federal, não estão conseguindo dar respostas rápidas às carências da área da saúde, tornando ainda mais lento o chamado “achatamento da curva” de vítimas. Isto leva à necessidade de maior rigor no isolamento social, causando impaciência e desespero nos que perderam a renda e nos que vão perdendo os lucros. Resultado: desobediência dos sem renda e pressão política, cada vez mais radical, dos sem lucros. Não será agindo como está que o governo sairá desta “panela de pressão”. Momentos de crise exigem liderança, não valentões, bravateiros. É urgente que os governantes – presidente, governadores e prefeitos têm o mesmo nível de responsabilidade na solução da crise – busquem soluções científicas para enfrentar a crise. E mais, como enfrentar imediatamente o pós crise. Eles cometem um crime quando emparedam a população entre a morte e a comida. Há que se buscar uma alternativa. De nada adianta agora o debate econômico entre keynesianos e liberais. Neste momento, o Estado tem que intervir. Os países, na opinião do presidente do BID, terão neste momento que se endividar para gastar mantendo empregos e vidas. Não há escolha a fazer. É preciso que se faça as duas coisas. As correções terão que ser feitas depois, quando se vencer a pandemia. É isto que farão os outros países mais adiantados. Façam isto para que o país saia o mais rapidamente possível da crise e comece, o mais rapidamente possível também, a trabalhar sua recuperação. É o que estão fazendo os países que têm governantes. Busquem imitá-los.