O presidente Bolsonaro tentou se eximir da responsabilidade pelas nomeações no governo de indicados por partidos do centrão, que já ocupam pelo menos uma dezena de cargos de segundo escalão em um momento em que o governo, em crise, tenta ampliar sua base política. Ao ouvir de um apoiador que deveria resolver o fato de a imprensa apontar que existe um “gabinete no ódio” dentro da Presidência, responsável pela criação de notícias falsas, Bolsonaro disse que não tinha como resolver tudo. “Admite um cara na ponta de não sei aonde, o cara é filiado não sei ao quê. O pessoal me critica. Eu sou responsável por 30 mil servidores que são comissionados em todo Brasil. Entrou um cara no Banco do Nordeste agora. Trocou a Suframa. Saiu um coronel e entrou um cara. O general que está na Suframa não é do centrão”, disse. No último mês, o governo federal tem negociado cargos de segundo e terceiro escalões diretamente com o centrão, grupo de partidos que inclui, entre outros, PP, PL, PSD, Republicanos, e são conhecidos pelo apetite por cargos e por terem estado em todos os governos desde Fernando Henrique Cardoso. São trocas feitas com o aval de Bolsonaro para tentar ampliar o apoio, hoje mínimo, do governo no Congresso, especialmente com o risco de mais de três dezenas de pedidos de impeachment hoje na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente tem sido cobrado por alguns apoiadores, mas evita falar do assunto.
A culpa é do eleitor
Ao ouvir reclamações de apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, sobre as ações dos governadores, Bolsonaro questionou o voto dos eleitores. Lembrou que os eleitores “botaram esses caras” nos governos estaduais e municipais, mas disse que as pessoas às vezes “votam com boa fé e o cara faz besteira”. “É difícil falar isso aí. O povo vai se conscientizando do que está acontecendo no Brasil. Acabar com esse oba oba, de acreditar no populoso, votar no cara bondinho, no mentiroso de sempre”, cobrou Bolsonaro voltou a dizer que o país só não está em crise por causa dos 600 reais de ajuda emergência dados pelo governo, mas que as pessoas estão chegando no limite com as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos para frear a propagação da Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronal. “O que está acontecendo com essas medidas aí: pobre está ficando miserável e classe média está ficando pobre, está ficando todo mundo igual no Brasil. E parece que não tem noção quando vai acabar isso aí”, afirmou.