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FELIZ NATAL!

Paulo César de Oliveira
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O Natal 2020 por PCO

A oportunidade da solidariedade

Então é Natal. Mas é 2020, um ano que vai mudar o mundo. Ainda não sabemos o quanto vamos mudar, mas certamente, em 2021, já não seremos os mesmos. No jeito de trabalhar, no jeito de conviver, no jeito de amar, na forma de nos alegrarmos. Claro que isto não acontecerá a todos, no mesmo tempo. Começa pelos mais ajuizados que vão ensinando aos desatentos, depois aos menos responsáveis até atingir os totalmente irresponsáveis, que fazem da irreverência e do descuidado maneira de sobreviver politicamente, mesmo que isto signifique morte e dor. Mas é Natal e não devemos nem podemos deixar de comemorar. Vamos celebrar nossa capacidade de amar ao próximo e a nós mesmo. Amar é respeitar. Demonstre isto. Demonstre amor respeitando as regras de convivência em tempos de risco.

O Natal por Clarice

Na manjedoura

Conto de Natal de Clarice Lispector

Na manjedoura estava calmo e bom. Era de tardinha, ainda não se via a estrela. Por enquanto o nascimento era só de família. Os outros sentiam, mas ninguém via. Na tarde já escurecida, na palha cor de ouro, tenro como cordeiro refulgia o menino, tenro como o nosso filho. Bem de perto, uma cara de boi e outra de jumento olhavam, e esquentavam o ar com hálito do corpo. Era depois do parto e tudo úmido repousava, tudo úmido e morno respirava. Maria descansava o corpo cansado, sua tarefa no mundo seria a de cumprir o seu destino e ela agora repousava e olhava. José, de longas barbas, meditava; seu destino, que era o de entender, se realizara. O destino da criança era o de nascer. E o dos bichos ali se fazia e refazia: o de amar sem saber que amavam. A inocência dos meninos, esta a doçura dos brutos compreendia. E, antes dos reis, presenteavam o nascido com o que possuíam: o olhar grande que eles têm e a tepidez do ventre que eles são.

A humanidade é filha de Cristo homem, mas as crianças, os brutos e os amantes são filhos daquele instante na manjedoura. Como são filhos de menino, os seus erros são iluminados: a marca do cordeiro é o seu destino. Eles se reconhecem por uma palidez na testa, como a de uma estrela de tarde, um cheiro de palha e terra, uma paciência de infante. Também as crianças, os pobres de espírito e os que se amam são recusados nas hospedarias. Um menino, porém, é o seu pastor e nada lhes faltará. Há séculos eles se escondem em mistérios e estábulos onde pelos séculos repetem o instante do nascimento: a alegria dos homens.

Do livro “Para não esquecer” de 1978

O Natal visto pelo pastor Marcos

Somos uma comunidade de fé cristã, dentro da tradição protestante metodista. Todos os anos, durante o período do Advento, tempo litúrgico que antecede a celebração do Natal, refletimos sobre o significado profundo do nascimento do Deus-menino num canto obscuro da periferia do Império Romano de dois mil anos atrás. Aquela humilde manjedoura denuncia profeticamente o quão absurdos são nossos ambiciosos projetos de poder, fontes de desigualdades e injustiças abomináveis aos olhos de Deus. A pequena gruta de Belém aponta para a necessidade de ser e compartilhar, não de ter e acumular. O legítimo espírito cristão do Natal promove solidariedade, partilha, igualdade, acolhimento das diferenças, luta por justiça social e vida autêntica, abundante, para todos e todas. O Natal deve renovar nossas esperanças de que outro mundo é possível, um mundo de Paz verdadeira, a plenitude do reinado do Deus-menino dentro de cada ser humano.

Pr. Marcos Lima, Igreja Metodista Izabela Hendrix.

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