O agronegócio se prepara para mais um ano de turbulências, vindas das mudanças climáticas e da política, que promete mexer com o país. Neste ano acontecem eleições para a presidência da República e nos estados. Os empresários do setor estão atentos e o presidente da Faemg, Antonio de Salvo, tem questões específicas para apresentar aos candidatos à presidência e ao governo de Minas. Mas antes, prepara o terreno para o agronegócio mineiro.
O senhor assumiu o Sistema Faemg já no encerramento de 2021. Qual o balanço do setor?
Pegamos uma casa muito arrumada. O que nós podemos dizer é que vamos dar uma repaginada na casa, para ter uma atuação mais ampla, principalmente, no interior para atender as demandas que tivemos durante a campanha. Porque vimos que, principalmente, os sindicatos precisam de um pouco mais de atenção, um pouco mais de carinho para que a gente possa legitimar definitivamente a Casa como uma verdadeira representante da classe produtora rural mineira.
Durante a pandemia que o uso da internet de aplicativos né e foi muito importante pequenas propriedades. Qual o próximo passo?
Sem dúvida. Isso foi uma coisa que o produtor, meio que forçadamente, aprendeu a trabalhar com essa ferramenta muito útil para a comunicação. Sendo esta comunicação, talvez, um dos pontos mais necessários a serem melhorados. Comunicação é uma parte de duas pontas. Nós chamamos muito que a comunicação é uma ponte onde sai do de um ponto, que é o ponto central da Faemg, e vai até o interior. Essa ponte precisa de dois aterros firmes nas suas cabeceiras para que toda essa parte de informação flua de maneira firme, consistente e constante para os nossos sindicatos. Assim vamos fazer e proceder. Essa ferramenta que é a internet foi importante nessas reuniões virtuais, nesses contatos a distância, que se tornaram corriqueiros e vão ser cada vez mais utilizados, principalmente nas reuniões híbridas, presenciais, reuniões 100% virtuais ou híbridas para que a gente possa usar da nossa comunicação e da comunicação necessária para que o produtor comece a ficar, cada vez mais informado das novidades. São essas novidades que são fundamentais para que a gente evolua na gestão, na administração e em toda parte de informação necessária para o agro se desenvolver de forma contínua, constante e positiva.
As mudanças climáticas têm prejudicado muito a produção. Como a Faemg ajuda os produtores a lidar com esses fenômenos?
Sinceramente, considero as mudanças climáticas como mudanças naturais feitas durante os milhares de anos que essa terra tem. Estamos vivendo especificamente em alguns setores, principalmente o da cafeicultura duas mudanças climáticas desde ano passado, que foi, principalmente, o déficit hídrico e depois seguido de três geadas muito fortes em grande parte das regiões da cafeicultura mineira, que atingiu a cafeicultura em cheio. Nós estamos tratando, especificamente, o caso da cafeicultura da maneira mais adequada. Vamos ver o que é possível. Primeiro, temos que dimensionar, medir para saber o tamanho do prejuízo, o que foi realmente causado pelo baixo regime pluviométrico nas regiões, principalmente no Sul de Minas, regiões que não estão acostumadas com esse déficit hídrico e as geadas que permearam, infelizmente, por quase toda a parte da cafeicultura mineira. No que diz respeito às mudanças climáticas, se aquelas realmente existem, o que agro está fazendo é a parte dele. Nós estamos melhorando tecnologicamente as nossas propriedades de maneira paulatina, trazendo o que a ciência pesquisa tem feito nas universidades, nos centros de pesquisa, na Embrapa e outros, para dentro da pesquisa. Esse é um desafio gigante, porque a extensão rural feita pela nossa Emater e, também pelo sistema S Senar nosso, precisa ser ainda mais se ativar para que essas novidades tecnológicas, não só de gestão, mas também de tecnologia nova de inovação, chegue a todos os produtores rurais possam ter mais produtividade nas mesmas áreas. Aí sim, no que diz respeito às mudanças, tem aí a conversa da emissão de metano pelos nossos bovinos. Vamos começar a medir quanto está sendo sequestrado pelas árvores, quanto está sendo sequestrado pelas nossas braquiárias. Nós temos que trazer a ciência para dentro, para desmistificar um pouco o que está sendo falado, para dizer que o agro, nada mais é do que um colaborador para o desenvolvimento do Brasil. Nós queremos ser tratados assim. Nós queremos ser tratados como um segmento que ajuda Minas Gerais e o país.
Esse ano de 2022 é um ano eleitoral. Que pautas a Faemg vai levar para os candidatos à presidência e ao governo?
Vamos esperar uma definição melhor de quem serão os candidatos. Mas as nossas pautas são sempre pautas muito legítimas. Nós precisamos trabalhar muito com a pauta de segurança no campo. Nós precisamos de ter, apesar de Minas hoje um dos estados mais seguros, o campo precisa de um pouco mais de efetivo. A polícia militar que já nos trata muito bem, talvez um aumento do número de patrulhas, patrulhas mais modernas, com drones que possam chegar às propriedades e fazer sobrevoos rápidos para poder fazer uma visão pelo alto. Nem sempre as nossas propriedades são abertas, muitas vezes tem reservas, tem matas, tem plantios que dificultam a visão pela parte baixa. Nós estamos com um projeto aí para olhar essa nova polícia, via drone, para que nós possamos ter uma atenção melhor ao homem do campo e, também, levando em consideração que a pandemia nos fez voltar às fazendas e as fazendas viraram lugares seguros, nós precisamos dar segurança aos que voltaram a morar na roça. Outro ponto importante, que tem tido muita reclamação e temos conversado, principalmente, com o governo de Minas, é a questão da energia elétrica. Ela tem sido um problema no meio rural, principalmente na pecuária leiteira, que depende da ordenha mecânica para ordenhar as vacas e essas vacas não podem ficar sem ser ordenadas devido a falta de energia. É um fato lamentável. Além do nosso tanque de expansão, o nosso respirador, que se ficar mais de 10 horas sem luz, nós perdemos todo o produto. Basicamente é isso. Nós queremos nós queremos apoiar aos governos e dizer que estamos prontos. Os governos que queiram desenvolver Minas e o Brasil tem o total apoio do agro, porque o agro quer a melhoria das nossas famílias, a melhoria da sociedade rural e a melhoria do Brasil como um todo, que inclui diretamente nós todos que moramos nas cidades. Sabemos que o agro forte vai trazer também uma cidade forte, bem alimentada, com alimentos saudáveis, de boa qualidade e bons preços.
Qual a perspectiva de inflação neste ano?
A medida da inflação gerada uma série de fatores. Com os aumentos dos insumos, não só pelo aumento do dólar, mas também pelo aumento do petróleo e os demais variáveis que causam a inflação, fizeram com que os alimentos aumentassem de preço. Nós, no caso nós do agro, da porteira para dentro, em momento algum, parou de trabalhar. Fizemos a nossa parte de maneira muito corajosa. Uma fazenda, infelizmente ou felizmente, não pode parar. A fazenda continua operando. Não se pode dizer para uma vaca de leite que nós estamos em pandemia e que ela vai ficar uns 6 meses sem produzir leite e depois ela vai voltar a produzir. Uma lavoura de milho, que estava em desenvolvimento nos meses de março ano passado para ser colhida a safrinha em maio e abril, não pode falar para ela parar de crescer “espera aí é passar esse momento”. O agro não parou. Nós sabemos que essa inflação não há inflação só brasileira. É uma inflação mundial, onde todos os produtos cresceram. Nós ainda temos um menor valor de alimentos, porque somos um país que produz para os duzentos e poucos milhões de pessoas, como geramos um superávit alimentar para mais de um milhão de pessoas. Estamos trabalhando com atenção, sabemos que isso vai equilibrar em breve e vamos continuar fazendo a nossa parte, produzindo alimentos de qualidade e em quantidade para alimentar não só a população brasileira, como também boa parte da população mundial. (Foto reprodução internet)