Representante da nova geração de políticos mineiros, Luís Eduardo Falcão (foto/reprodução internet) caminha a passos largos. Eleito prefeito de Patos de Minas para assumir o seu primeiro mandato em 2022, em seguida ele teve seu nome lançado na presidência da Associação Mineira dos Municípios. Mais uma vez obteve a maioria dos votos e assumiu uma das principais entidades municipalistas do país. Ele ampliou o fórum de debate da entidade para todas as regiões do estado e seu nome hoje é disputado por partidos políticos para compor a chapa majoritária ao governo de Minas. Mineiramente, ele desconversa sobre o assunto, mas sabe da importância da pauta municipalista e da sua defensa por “mais Brasil e menos Brasília”.
Parece que você tem mais de uma opção de composição de chapa, não é?
Não sei se isso realmente se concretiza, porque agora é aquele momento das especulações. A gente fala de 30 candidatos, 50 candidatos diferentes, com múltiplos vice, e depois o final é outro, dois ou três é que realmente vão ser candidatos. Então eu vejo isso com muita tranquilidade, com naturalidade. Não tenho obsessão por um cargo. Eu nunca imaginei que seria prefeito da minha cidade algum dia. Eu nunca tinha sido candidato a nada, e ganhei eleição em 2021. Eu nem sabia o que era naquela época a Associação Mineira dos Municípios e hoje a gente está na presidência. O que posso garantir é que vamos fazer um bom trabalho, cumprindo as etapas e deixando as coisas acontecerem naturalmente.
A eleição é nacional, mas o voto acontece no município. Está na hora de defender a pauta municipalista?
Passou da hora. Isso, na verdade, é um grito de socorro dos municípios. Eu até me exalto um pouco. Nós estivemos há pouco em Divinópolis, fazendo as caravanas da AMM. É uma caravana que vai passar nas 10 macrorregiões de Minas Gerais. Então nós vamos no Centro-Oeste, no Sul, no Triângulo mineiro e Alto Paranaíba, no Noroeste, Norte, Vale do Jequitinhonha, Mucuri, Zona da Mata. Nós vamos em todas as regiões para trabalhar em duas frentes: a pauta política, que é sobre o que aquela região tem de prioridade máxima, se é a rodovia, o hospital regional. Enfim, para que a gente possa trabalhar de forma bem objetiva junto ao Governo do Estado e ao Governo Federal. Nós também estamos construindo um documento que foi feito em Divinópolis. Em uma outra frente, vamos priorizar o trabalho, a capacitação. Nós temos que buscar mais recursos, mas nós também temos que saber trabalhar melhor os recursos que nós temos nos municípios. E como é que a gente trabalha melhor? Com capacitação, sabendo fazer mais, com menos, é sabendo fazer melhores projetos, aplicar melhor as políticas públicas, reduzir despesas desnecessárias, otimizar os gastos, aprimorar os processos de compra e é saber aplicar todas essas mudanças, que é um turbilhão de coisas que muda a toda hora. A reforma tributária já vai obrigar os municípios, a partir de janeiro do ano que vem, a fazer uma série de coisas, como por exemplo, padronizar a nota fiscal eletrônica. Será que o município pequenininho, ali, de dois, três mil habitantes, está preparado para isso? Não está, a maioria não está. Então AMM faz esse papel de capacitar. O povo paga os impostos na cidade e esse dinheiro é sequestrado. Vai para Brasília e 70% dele fica lá nas mãos de poucos. A tomada de decisões e a destinação desses recursos são feitas com critérios muitas vezes duvidosos, pouco técnicos. Os Estados ficam com cerca de 20% e os municípios ficam com meros 10%. Então, passou da hora de mudar essa lógica. Fala-se tanto em mudança do pacto federativo, com “mais Brasil e menos Brasília”. Eu adoro essa frase e é o que precisava acontecer mesmo.
Essa vai ser uma eleição muito difícil. Os municípios estão preparados?
Isso é uma realidade. As pessoas não estão sabendo diferenciar trabalho de um mandato, de campanha. O fato de você ter uma opinião diferente, não pode anular a possibilidade de diálogo, de conversar com as pessoas. Por exemplo, hoje eu estou prefeito, eu tenho obrigação de conversar com os três senadores de Minas. Embora o Cleitinho seja de um lado, o Rodrigo Pacheco seja de outro oposto e o Carlos Viana também, mais na centro direita, digamos assim, independente disso, eu preciso conversar com todos eles. Mas eu tive uma agenda com o Rodrigo Pacheco, em Brasília, e fui massacrado. Simplesmente por estar com Rodrigo Pacheco e por fazer uma foto agradecendo a ele pela atenção e pela destinação de recursos, não só à nossa cidade aqui de Patos de Minas, como a toda nossa macrorregião de saúde, que conta com 33 municípios, e Patos é a sede dessa macrorregião. Fui massacrado. Isso beira a insanidade. Será que perdemos a condição de analisar as coisas objetivamente, de focar nos resultados? As instituições também contribuíram para isso. Quando você tem um presidente da República, que depois de deixar o mandato, ele foi preso, foi condenado em várias instâncias e posteriormente, ele é solto. Aí você tem um outro presidente que chega depois e, também está em prisão domiciliar. O Michel Temer também ficou preso um período, a Dilma sofreu impeachment. Alguma coisa está errada. Não estou aqui para falar que eu sou a favor ou contra fulano ou beltrano. Mas, será que as instituições estão funcionando de forma imparcial, transparente, passando tranquilidade para a população e mostrando que elas, as instituições, funcionam de fato? Ou será que está tendo muita interferência político partidário. A regra para indicação de ministros do Supremo é o presidente da República. Será que isso é o ideal? Talvez não seja.