Por: Paulo César de Oliveira
O ex-presidente FHC tem razão em dizer que não é hora de conversar com Lula ou com o governo. Abraham Lincoln, um dos maiores nomes da história dos Estados Unidos, dizia “eu destruo meus inimigos quando faço deles meus amigos”. Este pensamento deve ter inspirado a decisão do ex-presidente. Matreiro, FHC deve ter estranhado que o convite para a conversa tenha passado por terceiros e que tenha chegado antes aos jornais. Daí ter descartado intermediários afirmando que Lula tem todos os seus telefones. E não é de hoje que os telefones estão na agenda. Lá atrás, na crise do mensalão, devem ter sido muito usados pois foi o “tucano” que desestimulou as oposições a pedirem o impeachment de Lula.
O petista acabou dando a volta por cima, se reelegendo e mais, elegeu e reelegeu sua sucessora, a presidente Dilma. Sem reconhecer a ajuda, massacrou as oposições, inclusive o PSDB e Fernando Henrique. O quadro agora é outro. Lula está praticamente rompido com Dilma, pois ela não ouve ninguém. Nem mesmo os de sua intimidade, e que se consideram seus amigos, tanto que aceitam ser tratados por ela, com palavras de baixo calão.
O governo chegou ao fundo do poço, com 7% de aprovação. A crise seja política, institucional ou econômica, atingiu níveis preocupantes. O período de bonança vivido no governo Lula, fruto da conjuntura internacional da época, passou. Ficou a realidade de um país sem rumo. Dilma, também sem rumo, buscou o competente Joaquim Levy que tenta implantar um ajuste, com resistências de um Congresso oportunista, que aposta na fraqueza da presidente para tirar vantagens. E Dilma já não conta com a liderança de Lula, hoje abalada. Lula precisa começar a cuidar de si. Já não tem, aparentemente, força para ajudar a afilhada. Ruim para o país, péssimo para o PT. Mas também não é o melhor dos mundos para a oposição que precisa ser prudente, não conivente. Afinal, ensinou Shakespeare, é preciso ter “cuidado com a fogueira que acendes contra teu inimigo. Ela poderá chamuscar a ti mesmo”.