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Memórias reabertas e relações rompidas

Paulo César de Oliveira
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Wagner Gomes

O estranho caminho com que o ex-presidente Jair Bolsonaro vem percorrendo em sua trajetória política, não deixa dúvidas. Ele larga pelo caminho todos aqueles a quem suga em busca de seu projeto de poder. Sem o menor remorso, o capitão vai deixando quem tiver em dificuldades sob o escárnio de seus seguidores. Foi assim com os generais Santos Cruz, Otávio Rêgo de Barros e Hamilton Mourão. O mesmo ocorreu com empresários e políticos, a exemplo de Gustavo Bebiano, Paulo Marinho, Wilton Witzel, Sérgio Moro, João Dória, Kim Kataguiri, Delegado Waldir, Janaina Paschoal, Luiz Mandetta, Rodrigo Maia, Major Olímpio, Jorge Kajuru, Ronaldo Caiado, Hamilton Mourão, Ricardo Sales, Pablo Marçal e tantos outros. 

Agora junta a esse time todos os que caminharam com ele na famigerada tentativa de golpe ao final de seu governo. Ao empoderar defensores do regime autoritário, Bolsonaro reativou tensões nas Forças Armadas, que agora enfrentam o desafio de reconstruir sua imagem. Esse é o seu padrão recorrente de isolamento para autopreservação. Para muitos, o Exército terá de passar por um longo processo de catarse para retomar o ponto de reconstrução interrompido. A ascensão de Jair Bolsonaro, capitão reformado, reabriu feridas ao fomentar um discurso que exalta os tempos da repressão. As declarações de seu advogado sobre generais que se beneficiariam de um possível golpe, bem como o padrão de abandonar aliados em dificuldades, evidenciam a construção de uma cultura de amnésia seletiva e de deslealdade exaltada por uma legião de fiéis apoiadores. Agora, Bolsonaro se encalacrou de vez. Chegou a sua hora de ser abandonado no mesmo estilo que fez com seus aliados descartados.

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