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Blog do PCO

Na Europa começam as reações contra o acordo com Mercosul

Os agricultores europeus levantaram a voz de maneira imediata contra o acordo comercial que UE e Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) fecharam na sexta-feira em Bruxelas, que eles consideram uma ameaça a sua atividade. Assim que o acordo foi anunciado, mensagens de revolta no Twitter e comunicados críticos começaram a proliferar, em contraste com os sorrisos dos negociadores europeus e sul-americanos, satisfeitos com o compromisso “histórico” após 20 anos de discussões. A Copa Cogeca, o principal sindicato agrícola da União Europeia, criticou uma “política comercial de dois pesos e duas medidas, que aumenta a brecha entre o que se pede aos agricultores europeus e o que se tolera dos produtores do Mercosul”, cujas normas fitossanitárias e ambientais não são as mesmas que na Europa. Na Alemanha, Joachim Rukwied (foto), diretor do sindicato agrícola Deutscher Bauernverband, declarou que o acordo é “totalmente desequilibrado” e colocará em perigo “muitas atividades agrícolas familiares”. O acordo, um dos mais importantes do mundo, pois afetará a 770 milhões de pessoas e implicará 25% do PIB mundial (18 trilhões de euros), provocou fortes dúvidas sobre sua aplicação. Em um contexto de grande tensão, a necessária aprovação dos 28 Estados-membros e do Parlamento Europeu parece mais incerta do que nunca. Além disso, uma carta aberta recente, assinada por 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo Greenpeace e Friends of the Earth, criticava as negociações em outras duas frentes: meio ambiente e direitos humanos, enfraquecidas pela política do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, segundo as organizações.

 

Para italianos um acordo intempestivo

A Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti), que representa o setor agrícola na Itália, criticou o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, concluído na última sexta-feira (28). Apesar de as negociações terem durado 20 anos, a entidade diz que o tratado é fruto de um “compromisso intempestivo”, já que as instituições europeias serão renovadas nas próximas semanas, como resultado das eleições comunitárias de 23 a 26 de maio. “Depois do maior escândalo mundial de carne avariada, que envolveu o Brasil, o que preocupa é a liberalização da entrada nas fronteiras europeias de um contingente subsidiado de carne bovina e de uma significativa quantidade de aves, com graves preocupações pelo aspecto sanitário”, afirma a entidade. A Coldiretti ainda ressalta que existem “graves acusações de risco alimentar e exploração de trabalho infantil” nos quatro países do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A associação também cita a aprovação recorde de agrotóxicos no governo Bolsonaro. “No Brasil, desde o início do ano, foram aprovados mais 211 pesticidas [239, segundo a última atualização], muitos dos quais são proibidos na Europa”, diz o comunicado, cobrando que todos os produtos em circulação na UE respeitem os mesmos critérios.

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