O Brasil tem o dom de transformar um sistema tributário regressivo em peça de ficção progressista. A tabela do Imposto de Renda, que deveria ser instrumento de justiça fiscal, tornou-se uma armadilha para a classe média, penalizada por ganhar apenas o suficiente para não depender do Estado — e por isso, castigada por ele. Desde 2015, a defasagem da tabela frente à inflação empurra para faixas superiores quem apenas tenta preservar o poder de compra. O resultado? Um assalto institucionalizado, silencioso e sem votação parlamentar. O Robin Hood tropical rouba dos remediados para sustentar a máquina — e chama isso de justiça social. A mudança beneficia quem ganha até dois salários-mínimos, o que é positivo, mas insuficiente para corrigir a distorção para quem ganha acima disso. A partir daí, é um assalto. (foto/reprodução internet)