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Setor de máquinas e equipamentos vê a economia brasileira andando de lado

Lentamente o país começa a se recuperar da crise. O ritmo, no entanto, frustra o setor produtivo. Um dos termômetros da economia é o setor de maquinas e equipamentos. Quando o setor avança, é porque a economia está aquecida, o governo está fazendo o dever de casa e os investidores estão apostando em obras e em projetos que estimulam a produção. Nos primeiros meses de 2017, houve uma pequena melhora no faturamento dessas empresas, mas o vice-presidente regional da Abimaq, Marcelo Veneroso (foto), alerta que o setor está andando de lado. As perdas dos últimos anos foram traumáticas e recuperar o fôlego vai levar tempo. Esperava-se uma reação no primeiro semestre deste ano. A realidade tem mostrado que essa recuperação está sendo mais difícil do que se imaginava.

 

Qual a percepção do setor para a economia nesses primeiros meses do ano?

O setor está andando de lado. Nós temos momentos com alguma melhora, mas essa melhora não é consistente, há uma flutuação. Nos últimos meses nós vimos, em nível nacional, que o indicador de faturamento melhorou, mas ainda está longe de recuperar os anos anteriores. Em relação aos empregos, nós observamos que o empresário mantém o pé no freio. Ainda existe demissão em Minas Gerais e nacionalmente tem um pequeno acréscimo e isso é um indicador forte que o empresário ainda não está apostando no crescimento.

 

O que falta para impulsionar o setor?

Falta o governo prestigiar o setor produtivo com medidas que venham a atender o setor. Nós temos agora, semanas decisivas com a aprovação das reformas, que nós julgamos que, por mais que tenham alguns pontos negativos, são importantes para destravar a agenda e a partir daí, nós esperamos que o governo venha a prestigiar o setor produtivo. Nós ainda temos problemas tributários, problemas com os juros altos, que apesar de descendentes ainda estão altos. Nós temos a questão do câmbio, que está muito ruim para o setor produtivo. Nós precisamos que o governo dê uma atenção para esses segmentos econômicos, para que nós possamos vir a fazer com que a nossa produção fique competitiva.

 

Havia uma expectativa de melhora no início da administração de Temer, no ano passado?

O empresariado é sempre otimista e espera que a melhora venha. Mas, sendo realistas, nós sabíamos que a economia ia demorar até o primeiro semestre de 2017, que é o que nós estamos atravessando, e essa melhora só viria a aparecer no segundo semestre de 2017. A questão é: se a melhora aparecer no segundo semestre de 2017 estará dentro de uma estimativa razoável. O nosso medo é o de que ela não venha em 2017.

 

Esse setor é uma espécie de termômetro para a economia. Esse desempenho nos primeiros meses de 2017 significa que a economia está parada?

O Brasil continua parado e isso é uma realidade. Nós temos a convicção de que, enquanto os governantes não cuidarem do setor produtivo, nós não teremos solução. A indústria de máquinas e equipamentos é o reflexo do setor produtivo e não adianta somente aumentar o consumo aparente. Nós temos que aumentar a produção brasileira, quer seja para consumo interno, quer seja para a exportação. E nós temos a consciência que, se isso não for feito, o Brasil vai continuar andando de lado ou para baixo.

 

Quais são os números do setor em Minas Gerais?

Em Minas Gerais nós tivemos um acréscimo de 5% no faturamento do mês de março em relação a fevereiro deste ano. Esse índice representa 22% a menos do faturamento do mesmo período no ano passado. Nas exportações, nós tivemos um aumento de 20% em março, em relação a fevereiro e isso devido a exportações de máquinas agrícolas que Minas Gerais tem tradição, tem muitas indústrias para este setor, mas, comparado ao mesmo período do ano passado, eleva-se apenas 8%. O nível de emprego em Minas Gerais nós temos um pequeno decréscimo de 0,3% e relativo ao mesmo período do ano passado, nós temos um número negativo de menos 12%. No nível de utilização da capacidade instalada, nós estamos mantendo o mesmo nível do mês de março em relação a fevereiro e 25% menores em relação ao ano passado.

 

O que vai ser preciso fazer para voltar ao que era antes da crise ?

Nós precisamos que o Brasil tenha investimentos constantes. Não adianta fazer investimentos e depois parar. Nós também precisamos de um ambiente de negócios e de uma política industrial. Sem um ambiente de negócios, as empresas não vão estar preparadas e não vão conseguir absorver ou tirar proveito de qualquer investimento que vier. O mais importante é o governo ter consciência de que depende dele aprovar uma política econômica que vá interferir menos na competitividade das empresas. Hoje as empresas não têm competitividade, eu diria que 80% devido a política econômica errada. Outros 20% nós temos que colocar a carapuça e saber que está dentro da nossa empresa. Mas não há como se mexer dentro de uma empresa se nós não tivermos pedidos. Sem pedidos o empresário não consegue fazer nada. Ele melhora a sua produtividade e a sua condição trabalhando. Nós hoje estamos sem condição de trabalhar.

 

O governo continua errando na economia?

O governo tem tomado decisões equivocadas. Nós esperamos que ele acerte e enxergue o setor produtivo como um setor importante e decisivo para a continuidade da melhoria do país.

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