A Usiminas avalia que um novo reajuste nos preços do aço vendido no Brasil poderá ocorrer nos próximos dois a três meses, depois de reajustes acumulados neste ano de cerca de 35%, afirmou o diretor comercial da siderúrgica, Sérgio Leite (foto), nessa sexta-feira. Segundo o executivo, a diferença de preços do aço plano entre o mercado interno e externo (conhecida como prêmio) está entre 8 e 12% depois que a empresa começou a implementar ontem um reajuste no Brasil de 5%. “A expectativa é que haja um crescimento nos preços internacionais nos próximos meses. Havendo isso, o prêmio volta à faixa de equilíbrio (de 5 a 10 por cento) o que pode abrir espaço para um novo movimento” de aumento de preços no Brasil, disse Leite durante teleconferência com analistas do setor. Leite comentou que a Usiminas começou recentemente a negociar preços de aço com o setor automotivo, um de seus principais clientes, cujos contratos de um ano começam a vencer no início de janeiro. Questionado sobre a diferença de preços atual entre o cobrado das montadoras de veículos e dos distribuidores, o executivo afirmou que estão defasados em 20 a 30%.
Apesar de novo prejuízo começou a recuperação do caixa
A Usiminas divulgou, antes da teleconferência, o nono prejuízo trimestral consecutivo, mas os números mantiveram a trajetória de redução das perdas verificadas nos últimos trimestres e a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização saltou a R$ 307 milhões ante desempenho negativo de R$ 65 milhões no mesmo período do ano passado. Analistas da corretora Ativa consideraram o balanço da Usiminas “como o melhor resultado há muito tempo” da empresa, com o desempenho da receita líquida sendo o melhor na comparação anual desde 2014, apesar da queda de 6,6 por cento.
Carvão deverá impactar custos no ano que vem
O vice-presidente financeiro da Usiminas, Ronald Seckelmann, afirmou durante a teleconferência que os investidores devem entender que o desempenho operacional da Usiminas no terceiro trimestre pode ser considerado como uma base para os próximos períodos depois da grande reestruturação financeira e estratégica da empresa nos últimos meses. Segundo Seckelmann, o aumento no preço do carvão nos últimos meses só deve resultar em impactos nos custos de produção própria de aço da Usiminas a partir do primeiro trimestre de 2017, uma vez que a empresa tem contratos de fornecimento para dois terços de suas necessidades. Apesar disso, o carvão já está impactando o preço das placas compradas pela Usiminas junto à Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) para serem laminadas pela usina da empresa em Cubatão (SP), disse Seckelmann, sem dar detalhes. O efeito pode diminuir o avanço do desempenho da usina paulista, cujo Ebitda, segundo o executivo, “está começando a ficar azul”. Para 2017, a Usiminas deve investir 350 milhões de reais, disse o vice-presidente financeiro. Nos primeiros nove meses deste ano, o investimento somou 158 milhões de reais.