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Tirar as dobras, os excessos da burocracia pois é nelas que se esconde a corrupção. Segredo da boa administração

Paulo César de Oliveira
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Os novos prefeitos estão precisando usar a criatividade e tomar atitudes ousadas para escapar da crise e garantir o atendimento à população. O empresário Vittorio Medioli (foto) que o diga. Ele assumiu a prefeitura de Betim no dia primeiro de janeiro e já conseguiu avançar com algumas ações, como a de desburocratizar o processo para a liberação dos empreendimentos no município. A burocracia, segundo ele, é um câncer e suas dobras vive a corrupção. Já sobre 2018, Medioli escorrega, mas também não nega que possa disputar o governo do estado.

 

Nesses dois primeiros meses de administração em Betim, o que foi possível fazer até agora?

O bom gestor tem que assumir a responsabilidade e fazer o que é correto. Usar a vontade, a honestidade e a competência. Com essas três coisas se conserta tudo. Betim é uma cidade interiorana, com uma economia poderosa, mas a população reclamava um ambiente mais limpo, com uma administração mais atenciosa com as exigências da população. Nós estamos consertando os problemas na área de saúde, onde estamos entrando muito firme, recuperando a sua estrutura. Ainda e muito cedo para dizer que vamos resolver os problemas, mas as coisas já estão entrando nos eixos. É importante motivar as pessoas para fazer as coisas bem feito e isto nós estamos conseguindo fazer. Todos estão se envolvendo, trabalhando e entendem que é possível realizar, que não é impossível avançar e ter uma boa administração.

 

O que se percebe é que existem administrações muito inchadas e ineficientes. O senhor começou em Betim reduzindo o número de cargos, qual foi o resultado desta medida?

No primeiro dia enviei para a Câmara um pacote de leis mudando o relacionamento com os empreendedores, com a educação pré-escolar e na área de saúde. Em 12 meses, em 2016, foram entregues 135 alvarás de funcionamento. Em janeiro, em 30 dias, 316 já foram licenciados e estão iniciando a construção de prédios com 30 dias de administração, porque se impõe um prazo de 15 dias para se iniciar um licenciamento. Claro que assinando condicionantes para destravar o processo. Nós passamos de 3 anos para 15 dias o prazo de licenciamento. Isto está gerando atração das empresas, que não conseguiam vencer a burocracia. A burocracia é um câncer, destrói o empreendedorismo do pequeno, do micro e do médio empresário, que sente um impacto maior, porque nas dobras da burocracia é que prolifera a corrupção. Essa é a grande verdade. Quando chega alguém e coloca a casa em ordem e não permite a corrupção e descomplica todos os processos, as coisas acontecem. Enquanto o governo anterior licenciava um empreendimento, nós licenciamos 25.

 

Essa mudança na Lei Ambiental no estado também ajudou a desburocratizar os processos de licenciamento?

A pretexto de preservar o meio ambiente se comete tantos crimes, que daria para escrever um livro. E o pior, o meio ambiente mesmo não é preservado. E isso é o pior. São muitas as agressões ao meio ambiente. Em Betim nós tiramos em 30 dias, 40 mil toneladas de entulho espalhados nos canteiros, praças públicas, nas ruas e lotes. Tivemos 18.600 casos de dengue em 2015 e hoje limpamos a cidade. Muita coisa ainda precisa ser feita, como a coleta seletiva de lixo. Já detectamos todos os bairros que tem foco de dengue e temos um mapa de combate a dengue. Conseguimos que um laboratório nos doasse repelentes para mulheres grávidas para evitar a Zica. Vamos fornecer agora para todas as grávidas, de graça. Outras medidas vão aparecer nos próximos dias. Nós assumimos em uma situação de calamidade administrativa. Não tínhamos prestação de contas, os computadores da Secretaria de Obras sumiram e da secretaria da Saúde estavam apagados. Estamos recuperando esses dados e acredito que em alguns meses vai ser possível sentir a diferença. A população está gostando. Vejo as manifestações positivas. Tínhamos hospital com todos os corredores tomados, com espera de até 45 dias e já conseguimos avançar, atendendo em mutirão. Mas a burocracia te engessa. Muitas coisas que você quer fazer dependem de licitação. É uma burocracia estúpida, perversa, que não ajuda o país e gera atrasos. Em Betim nós tínhamos 343 empreendimentos engavetados, com prazo médio de dois anos e meio. Isso significa milhares de empregos. Simplesmente liberando esses empreendimentos, nós estaremos acabando com o desemprego.

 

O senhor acredita na liberação desses empreendimentos ainda neste ano?

Temos 143 no estado. Nós pedimos ao estado que devolvesse ao município essa autoridade. Não é possível nós ficarmos esperando que o estado passe 2 anos e meio analisando um projeto ambiental, se nós conseguimos fazer em 15 dias. E bem feito. Nós unificamos o processo. Eram quatro entes que analisavam o projeto.

 

O governo está atendendo esse apelo?

Nossa relação é cordial. O estado, no entanto, é demasiadamente burocrático, desanimador. Mas não é o governo Pimentel. São 20 anos assim. É difícil montar um empreendimento em Minas.

 

Mesmo na prefeitura, o senhor continua de olho nos seus negócios. O senhor está agora com uma rádio. Como conciliar tudo isso?

Eu olho para frente e pra trás. Enquanto eu olho para a prefeitura, olho para os negócios. Mas não sei disso não. As minhas filhas é que estão tomando conta da Editora e dos meus negócios. Tenho duas filhas que são modelo de competência e inteligência. Me afastei da empresa e estou testando as duas e acredito que vão levar mais adiante do que eu levei. De vez em quando alguém fala de rádio, mas ainda não sei direito o que é.

 

Pode-se dizer que já é um ensaio para 2018?

2018 a Deus pertence. Não sei se estarei vivo até lá.

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