O tempo está curto para encontrar uma solução para a falta de fertilizantes a serem usados na próxima safra no Brasil, que foi impactada com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem buscado novos fornecedores, mas ainda não encontrou o que procura. A secretária de Agricultura de Minas, Ana Valentini (foto), lembra que o Brasil produz cinco vezes mais do que a sua população consumo e por isso acredita, que haverá uma conscientização quanto a necessidade de abastecer o país com fertilizantes para a safra de verão. Caso contrário, pode acontecer problemas no abastecimento e no preço dos produtos.
Como o agronegócio mineiro pode ser impactado com a crise causada pela falta de fertilizantes, um reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia?
É um momento de muita preocupação para todos nós produtores rurais de Minas Gerais, porque o Brasil importa 85% do fertilizante que consome e, não só o fertilizante está muito caro, como também não há oferta. É um momento muito delicado para que nós possamos continuar produzindo. Tudo isso vai impactar no preço dos alimentos mais ainda, que já estão com os valores altos por toda questão do dólar. Esse é um momento muito delicado.
Qual a saída?
A nossa ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem se esforçado muito. Ela foi ao Irã, foi ao Canadá buscar outros fornecedores de fertilizantes.
Os produtores aguentam essa situação por quanto tempo? Conseguem ir até o final do ano?
Não aguentam porque para a próxima safra ninguém tem estoque. Normalmente é nessa época do ano que nós iniciamos as compras para o plantio de outubro para a safra principal de verão. Para outras culturas, como frutas, hortaliças e o próprio café isso é contínuo, no caso dessa aquisição de fertilizantes. Se nós não conseguirmos os fertilizantes para a próxima safra de verão, o Brasil e o mundo podem ficar em situação delicada de oferta de alimentos.
Pode faltar alimentos?
A nossa produção é muito grande, mas vai encarecer os produtos porque, sem fertilizante, algumas culturas não vão conseguir completar o ciclo, como é o caso do milho. O milho sem nitrogênio é quase impossível. É uma situação muito séria porque a maior parte da nossa produção é no bioma cerrado, onde o solo é extremamente pobre e a necessidade de fertilizantes é maior ainda. Nós temos que ficar atentos a essa questão. Estamos confiantes de que o próprio mundo vai entender que não pode deixar de enviar fertilizantes para o Brasil, porque será uma falta de alimentos para todo o mundo, pois o Brasil produz alimentos para atender cinco vezes a sua população. (Foto reprodução internet)
