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Agronegócio, um dos poucos setores a escapar- por pouco- da crise

O agronegócio, como praticamente todos os demais setores, sofre com os impactos da crise política e econômica brasileira. Mesmo com tantas turbulências, o setor fechou o ano com crescimento. Mas o presidente da Faemg, Roberto Simões (foto), avisa que essas turbulências têm gerado queda no consumo e aumentado a desconfiança dos empresários do setor, que não pretendem investir em um cenário tão inseguro, como o atual.

 

A agricultura continua sustentando a economia, mas o setor sentiu os impactos da crise política e econômica?

Sem dúvida. Já começamos a sentir os efeitos dessa crise da economia brasileira. Temos alguns problemas, mas, no geral, ainda tivemos safras razoáveis, com os preços caindo um pouco e ainda assim, conseguimos passar o ano. Para este ano as expectativas são nebulosas. Nós não temos certeza de nada. Em um quadro de indefinição geral, com a ameaça de alguns fenômenos climáticos, nós não sabemos exatamente onde tudo isto vai dar. Sabemos que certamente será um novo ano difícil, mas até então, temos alguns setores com problemas, mas no geral passamos 2016 no positivo.

 

Quais setores do agronegócio tiveram mais problemas?

Difícil setorizar, mas com a economia caindo, todos nós sentimos. Houve queda no consumo e isso traz algum problema. Em Minas Gerais caiu o consumo de suíno, bovino e frango, tudo ao mesmo tempo. Engraçado isso, porque normalmente, quando o preço da carne bovina sobe, as outras carnes cobrem. Agora, caiu o consumo das três carnes e tudo isso é reflexo da queda do consumo, da falta de renda das pessoas. Acreditamos que o setor ainda prevalece como uma das boas opções em Minas Gerais.

 

O senhor tem dito que os grandes investimentos no setor vão ficar para depois. Este não é o momento para se realizar investimentos?

Eu acho que está difícil ainda para o empresário decidir sobre investimentos. As turbulências políticas, com os exemplos que estamos tendo, não trazem nenhum tipo de segurança para quem se propõe a investir. Está todo mundo aguardando. Mudanças dessa natureza, como as que aconteceram no país, não trazem segurança para as pessoas. Nós vamos passar mais um período de espera para ver se a situação se define melhor.

 

O fato de o governador Fernando Pimentel ter declarado calamidade financeira aumenta essa insegurança?

Com certeza, é mais um fator de insegurança nós constatarmos oficialmente que o estado está mal das finanças. Isso acaba sendo mais um motivo de precaução dos investidores. Com esse quadro todo, nós vamos empurrando os investimentos para frente. Tenho poucas expectativas de que tenhamos muito sucesso em 2017. Acho que ainda será um ano muito difícil. Mas, mesmo com tudo isto, a nossa área vem contribuindo. Embora tenha ocorrido alguma queda, de um modo geral, o nosso desempenho ainda é positivo.

 

Com Donald Trump assumindo a presidência dos Estados Unidos, agora em janeiro, pode haver algum impacto nas exportações dos produtos brasileiros?

Eu digo que é um fenômeno de insegurança também. Eu acredito que no governo, ele não terá tanta força para ser tão excêntrico. Existe um esquema forte montado na economia americana, contudo, é uma imprevisibilidade a mais. Seria melhor se tivéssemos no governo dos EUA uma pessoa mais confiável. Para nós, aqui no Brasil, fazendo uma previsão, acho que ele tem pouca influência, mesmo porque, ele não terá poderes para agir a seu bel prazer. Ele tem que obedecer determinadas regras. Mas é mais um fator de imprevisibilidade, com certeza.

 

Em termos de números, como o agronegócio encerrou 2016 e as expectativas para 2017?

Em 2016 nós ainda fechamos com algum crescimento. A balança comercial foi, mais uma vez, positiva. As safras de grãos em Minas caíram um pouco, mas ainda é uma bela safra, mas temos receio dos preços daqui para frente. As notícias dos especialistas são de que o mundo está abarrotado. As safras americanas serão imensas, e nós, então, teremos uma queda no preço das commodities. Ainda assim a previsão é a de que 2017 seja um pouquinho melhor em termos de safra e produção.

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