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Alberto Pinto Coelho: Extrema direita veio para ficar

A situação política no país tende a se normalizar, no entendimento do ex-governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (foto), que acompanha a situação política do país com a preocupação que o assunto merece. Para ele, a eleição ainda está muito recente, mas é inegável que a extrema direita, que tem hoje como principal bandeira o bolsonarismo, veio para ficar. Mas ele acredita que surgirá uma terceira via, até mesmo em função da renovação na política, como aconteceu com a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa de Minas de Luiz Tadeu Leite, um político jovem e aberto ao diálogo.

Com a reeleição de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira no Congresso Nacional e aqui em Minas, com Luiz Tadeu Leite na presidência da Assembleia Legislativa, como fica a situação política no país?

No cenário nacional é muito importante ter a reeleição de ambos, que demonstram com essa reeleição, uma na liderança inconteste no Congresso Nacional e o governo Lula, com a sua larga experiência, tem enormes desafios e ele só pode vencê-los conseguindo o apoio congressual. Esse alinhamento, eu diria que pelo momento que o país vive, é fundamental, porque os desafios são enormes. Aqui na Assembleia, o que vemos, com toda clareza, é em que em pese o fato de o governador ter sido reeleito no primeiro turno, sendo testado pelos mineiros e mineiras o seu governo, em realidade, o que temos na Assembleia é o sentimento de harmonia e Independência entre os Poderes e isso salta aos olhos. O Tadeu Leite, o Tadeuzinho é uma nova liderança emergente, de uma nova geração. Nós estamos vendo aí com ele é uma mudança de gerações na Assembleia Legislativa.

Ele surgiu em um vácuo de lideranças?

Exatamente. Ele conseguiu congregar não só esse sentimento de harmonia e independência, como congregar pela sua forma de ser, aberto ao diálogo sempre, e isso ter ficado muito evidente nos quatro anos em que ficou na primeira Secretaria, que já é uma função destacada. Ele conseguiu com isso convergir ou magnetizar todas as correntes políticas para apoiá-lo. No seu discurso de posse ele ressalta muito essa posição de buscar, sempre através do diálogo a convergência para os interesses de Minas Gerais, o que é fundamental.

O governador terá um relacionamento na Assembleia mais tranquilo do que foi com Agostinho Patrus?

Eu diria que o Agostinho deixou alguns legados importantíssimos. Ele criou, através da valorização da fiscalização, o sistema de fiscalização a cada trimestre. Esse sistema tem uma característica muito importante, porque é uma realização que permite a tempo e a hora corrigir rumos, enquanto os órgãos de controle, na maioria das vezes toma conhecimento do que está acontecendo depois do fato consumado. A Assembleia tem essa função importante de fiscalizar e a tempo e a hora, de corrigir os rumos, porque tem esse embate durante o exercício fiscal e com o orçamento do Estado em andamento. Além disso, Agostinho Patrus também colocou algumas conquistas, que são emendas impositivas das bancadas dos deputados e isso é uma conquista de quem tem a representação política dos municípios. Eu diria que Agostinho deixou um grande legado e transpirar esse sentimento de Independência é fundamental. O que precisamos é calibrar a harmonia entre os Poderes e isso se faz com o diálogo à exaustão e o Tadeuzinho personifica, com seu próprio discurso, essa conquista e esse compromisso.

O que percebemos é um cenário muito tenso ainda entre bolsonaristas e petistas. A tendência é de amenizar os ânimos?

A derrota está muito recente. Foi uma disputa muito acirrada e ultrapassando limites de uma convivência, de enxergar quem pensa diferente como um adversário, não como inimigo. Mas isso vai se exaurindo com o tempo. Entendo que a extrema direita veio para ficar, com o Bolsonaro, e esses bolsonaristas são chamados de extrema direita raiz. Mas temos aí algumas situações, com aqueles que votaram no Bolsonaro acreditando numa visão mais liberal, em vez escolher o PT, que tem uma visão mais estatizante, ou mesmo aqueles que são anti petistas, que vem em sua maioria da classe média e que teve uma contribuição muito grande para eleger Bolsonaro. Estou falando com base em pesquisa recentemente que deu aprovação de 60% ao governo do Lula, o que já representa já uma conquista em relação aos votos que ele teve nas urnas, que foi de 51%. Eu diria que esse fato que aconteceu aqui (invasão dos Três Poderes no dia 8 de janeiro) é registrado como desafios que a democracia está sofrendo mundo afora. Essa situação é agravada com essa inovação do mundo digitalizado, do mundo via internet, que naturalmente é algo que tem os seus benefícios, mas tem que ser regulado. O que temos de manto legal que dá os direitos e deveres de cada cidadão e da coletividade também tem que prevalecer nas redes sociais, porque o cidadão é o mesmo.

A extrema direita se mantém por muito tempo? 

Nós temos uma estimativa de que a extrema direita tem de 12% a 15% da população e são os que seguem o Bolsonaro. O restante é centro e centro direita. Mas tudo leva a crer que teremos uma terceira força política, com esses segmentos que não votam no PT nem em Bolsonaro, tirando essa polarização e construindo um cenário, com um novo momento na política, mesmo porque essas lideranças, de Lula e Bolsonaro, vão sendo vencidas pelo tempo. Vejo uma expectativa de que isso aconteça, porque é importante oxigenar a política.

O governo mineiro tenta um acordo de adesão ao regime de recuperação fiscal e conseguiu a autorização do STF para isso, já que o assunto não foi aprovado na AL. Com a mudança de governo fica mais difícil essa adesão?

O que eu gostaria de dizer é que o governo federal tem outra linha de pensamento. A Assembleia é muito importante, mas ela, de qualquer forma, é apenas o rito de passagem. É uma lei autorizativa. Agora, a celebração do contrato é com o governo federal, e a visão do atual governo federal é diferente do anterior com relação tanto a questão do funcionalismo público, quanto à questão de privatização. Passando aqui na Assembleia, cumpre-se uma etapa, mas a etapa finalística que tem concretude, é a assinatura com o governo federal dos termos da reforma. Talvez aqui tenha que ouvir bastante a oposição, o Partido dos Trabalhadores, para ter um alinhamento aqui e com isso ter êxito lá no governo federal. Na questão de privatização, o presidente Lula em uma das suas falas, e citou que venderam a Eletrobrás, nesse processo aí de privatização por R$ 36 bilhões e que esse dinheiro não foi para a educação, não foi para a saúde, não foi para habitação, foi para pagar juros da dívida, ou seja, o ativo foi embora e o resultado do ativo foi para é pagar juros, não teve nenhum benefício com efetividade para a população. As duas empresas citadas para privatização em Minas: Copasa e Cemig, acho que é preciso ter uma visão e tentar ser contemporâneo das coisas. Essas duas empresas são de natureza de interesse público, portanto elas existem mediante concessão pública. No caso da energia, a concessão é federal e tem uma delegação expressa para o concessionário, e essas regras são reguladas por normas federais. No caso da Copasa, é de concessão municipal, existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que ninguém está falando sobre ela, que é o caso das regiões metropolitanas. Temos aqui em Minas a Região de Belo Horizonte e a Região de Ipatinga, são regiões em que a concessão é colegiada pelos municípios que a integram e que integram essas regiões e, portanto, qualquer concessão para a iniciativa privada não pode se dar de forma isolada. Belo Horizonte não pode isolar Nova Lima e assim vai. Essas questões todas tem que ser examinadas. A energia também é algo estratégico. Vi uma fala do governador que a Cemig investiu muito fora de Minas. Em realidade, ela tem que investir dentro de Minas ou fora de Minas em projetos superavitários como os ativos da Taesa, por exemplo, que foi um grande investimento, mas que o estado até abdicou dele. No caso de bons negócios a questão não é territorial. Agora, no caso de operação tem que investir na qualidade do serviço e interesse privado costuma querer ter o retorno mais rápido, ou seja, quer a distribuição de dividendos em vez de reinvestimentos. (Foto/reprodução internet)

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