Logo
Blog do PCO

Basta, já aguentamos muito, por muito tempo

Os empresários mineiros encerraram 2016 lançando um manifesto dando um basta aos “efeitos devastadores” e ao agravamento da “crise ética, política e econômica que ameaçam o presente e o futuro do nosso país”. O presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr (foto), entende que o país precisa sair desta crise e por isso os 138 sindicados filiados a Fiemg decidiram divulgar o documento no apagar das luzes de 2016, para que os problemas fiquem em 2016. Para Olavo Machado, existe muito dinheiro no mundo, mas é preciso garantir segurança para que os investidores venham para o Brasil.

 

Os empresários terminaram 2016 lançando um manifesto. Está difícil sobreviver nesse ambiente econômico?

O nosso manifesto tem esse título: ‘Basta’. Nós não aguentamos, o Brasil não está aguentando, e não são apenas os empresários, são todos. O Brasil não merece o que nós estamos fazendo com ele. É uma forma de dizer “vamos deixar os problemas em 2016”. Vamos para frente, arranjando oportunidades e condições para fazer um país melhor. Por isso deixamos para divulgar o manifesto no fim do ano, no apagar das luzes de 2016.

 

A classe produtiva estava cobrando sinais do governo para a retomada da confiança dos investidores e para criar condições para o país avançar. Esses sinais estão sendo enviados?

Eu acredito que sim. Os políticos têm se esforçado para ver se eles mudam essa imagem negativa estabelecida. Para alguns até injustamente. Existe um esforço muito grande dos que têm peso e condições, de mudar isso que está aí. É desse jeito mesmo que nós vamos modificar as coisas. A confiança tem que ser restabelecida sim. Não ganhamos nada em desmoralizar os políticos, o presidente da República ou qualquer governador.

 

O senhor tem falado que o país precisa passar por um processo de depuração. O senhor acha que tem que ter um ponto final nesse trabalho de investigação e acelerar a Lava jato?

Todos esses processos têm que continuar. Isso é importante até para que tenhamos uma contabilização do que foi feito, como foi feito e como nos proteger desse tipo de ação. Mas nós temos também obrigação de dar novas oportunidades. Por pior que seja o cidadão, nós temos a obrigação como cristãos, de fazer com que eles tenham oportunidade. É talvez o que esteja faltando neste momento de vingança, e com muita razão, pois a sociedade está ultrajada, enojada com as informações que recebeu, daquilo que sabíamos que existia, mas não sabíamos que era dessa maneira, tão predatória. Nós precisamos colocar isso em pratos limpos, não parar, mas dar oportunidade para que as pessoas se restabeleçam.

 

São mais de 12 milhões de desempregados no país. Como resolver esse problema?

Principalmente voltarmos a dar oportunidades. O país tem muitas necessidades, de muitas coisas e nós temos que ter coragem de baixar juros, criar condições de disponibilizar o capital que está aí. É só observar o resultado dos bancos, porque o resultado dos bancos é desse tamanho, enquanto tantas pessoas estão desempregadas. Eu acho que tem uma função social a se considerar. O resultado das empresas e os problemas sociais que podem ser resolvidos com recursos, que não podem ser desviados. O problema é justamente esse: os recursos foram desviados.

 

O senhor também é do Conselho de Desenvolvimento da CNI. O que os empresários estão pretendendo e em que se pode avançar?

Estamos com expectativa muito positiva. O Brasil tem ativos que atraem, que criam oportunidades e, se forem estabelecidas regras claras de como entrar no jogo, como sair do jogo e os investimentos necessários, os capitais virão, certamente. Existe muito dinheiro no mundo. Tem que se criar as oportunidades para que ele seja aplicado. O capital está sempre procurando uma maneira de ir para um lugar onde ele possa ter segurança. Nós temos que garantir essa segurança.

 

O governo ainda não conseguiu garantir essa segurança para os investidores?

Nós misturamos ideologia com atividade empresarial. São duas coisas incompatíveis. O empresário, o capital irão para onde houver boas oportunidades. Não existe ideologia para aplicação de recursos, existe o resultado. O que o capital procura é resultado positivo.

 

Para 2017, a expectativa é a de que seja um ano mais fácil?

Mais fácil nós já vimos que não será. Mas poderá ser mais fácil se trabalharmos imbuídos da ideia de que nós podemos fazer mais, pensar que nós mineiros, nós brasileiros, somos capazes de nos unir por um propósito. Nós vimos a sociedade toda focada no impeachment, focada nas manifestações. Vamos fazer agora, também para o lado positivo. Tudo isso já foi positivo e trouxe novas expectativas, mas se nos unirmos, poderemos fazer muito mais.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *