Disposta a fazer com que as pessoas em situação de vulnerabilidade precisem cada vez menos da assistência social, a presidente do Servas, Christiana Renault (foto/Acervo), tem trabalhado para promover essa mudança. Casada com o vice-governador Mateus Simões, ela sabe da responsabilidade que terá que enfrentar mais adiante, quando o governador Romeu Zema se desincompatibilizar para disputar à presidência da República. Nesse caso, caberá a Mateus Simões a tarefa de conduzir o governo de Minas.
O Servas tem um perfil diferente em termos de assistencialismo?
Tem. A primeira coisa que eu acho que vale a pena esclarecer é o sentido dessa palavra. Quando a gente fala em assistencialismo esse sufixo “ismo” soa como algo um pouco pejorativo. A assistência social, quando ao invés de libertar o indivíduo, só o mantém numa dependência constante, ela é chamada de assistencialismo. Então eu evito o uso dessa palavra. Não acho que o Servas faça assistencialismo. O Servas presta uma assistência social para um vulnerável que não deixará de ser vulnerável como por exemplo, o idoso que vai continuar a ser vulnerável. A pessoa que está em situação provisoriamente de vulnerabilidade, por um evento chuvoso ou por alguma tragédia, como a de Brumadinho, o que se presta é a assistência social imediata, que é o que a pessoa precisa naquele primeiro momento. O Servas continua prestando essa assistência social para o vulnerável, em situação de precisar de bens imediatamente, do bem in natura, da cesta básica, do atendimento imediato, mas o Servas, hoje, também tem uma preocupação muito grande em formar o indivíduo, de maneira que ele se torne menos vulnerável. Contribuir para a formação. É como se fosse uma assistência social destinada a fazer com que o indivíduo precise cada vez menos de assistência social. Essa é a nossa visão de médio e longo prazo.
Nos últimos anos houve um aumento das pessoas em situação de miséria. O que essas pessoas demandam mais?
Depende muito da época e da situação. Quando cheguei no Servas, no dia 2 de janeiro, nós estávamos no meio do SOS Chuva, estava já com a campanha deixada minha pela minha antecessora. Tudo foi fechado pela secretária Elizabeth Jucá, que esteve alguns meses no Servas antes da minha chegada, para que nós prestássemos a assistência para as pessoas em situação de vulnerabilidade por conta das chuvas. Esse ano nós tivemos, felizmente, poucas perdas humanas, mas tivemos muita perda material por causa das chuvas em Minas Gerais. Uma chuva muito espalhada, com muito granizo e então nós temos muito desfolhamento, queda de muros. Em Minas Gerais, por conta do nosso clima, da nossa situação chuvosa de janeiro a março, nós temos uma demanda muito relacionada às chuvas. Nós tivemos esse ano mais de um quarto dos municípios de Minas Gerais em situação de atenção por conta das chuvas.
O vice-governador Mateus Simões, provavelmente, vai assumir o governo de Minas. A senhora está preparada para assumir essa responsabilidade política também?
Acho que é muito cedo, mas preparada eu estou para enfrentar o que for necessário. Eu gosto de política, encaro com muita responsabilidade a minha tarefa à frente dos Servas e o Mateus tem o meu apoio em todos esses anos e continuará a ter.
A sua formação é na área jurídica?
A minha formação é jurídica, eu sou também graduada em turismo, tenho mestrado em Direito Empresarial e escrevi sobre assistência social no meu mestrado.
Estava predestinada?
Estava. Deus faz as coisas de uma maneira curiosa. Não podia imaginar que eu estaria aqui hoje