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Coura acredita que economia americana poderá puxar a brasileira

O setor mineral foi um dos mais atingidos pelas turbulências internacionais e pela crise política e financeira do país. Mas 2016 foi um ano de rearranjo do setor. Além de contar com a retomada da economia brasileira, outras questões devem impactar o setor, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Fernando Coura (foto). A começar do grande projeto desenvolvido em Carajás, passando pelos projetos de infraestrutura que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou que pretende fazer. Se isto acontecer, ele vai precisar de produtos minerais e metalúrgicos e nesse caso, os Estados Unidos podem puxar a economia brasileira.

 

Muitos setores da economia consideram 2016 como um ano perdido. Como este ano foi para o setor mineral?

Para o nosso setor este foi um ano de reposicionamento. Nós assistimos agora a retomada dos preços internacional das commodities, com os projetos sendo relativamente repensados para serem retomados. O Brasil tenta encontrar o seu caminho e espero que em 2016 tenhamos construído uma ponte para 2017 e que em 2018 nós retomemos o caminho do crescimento e da geração de emprego e renda.

 

Havia uma expectativa de que a mudança de governo iria alterar a rota da economia. Foi frustrante nesse sentido?

Não, eu já vivi essa experiência. Quando o presidente Itamar Franco sucedeu o presidente Fernando Collor, nós vivemos períodos de extrema turbulência e, no entanto, foi o governo que mais marcou, ao lançar o Plano Real. O que eu espero, de verdade, é que esse governo possa encontrar um plano real para deixar para o futuro.

 

A apresentação da reforma da Previdência no final do ano sinaliza para o encaminhamento dessas questões mais espinhosas?

Evidente que são questões que tem que ser debatidas com muita responsabilidade. Nós temos que ver essa questão de não gastar mais do que recebe. Isso é fundamental na vida de cada um. A expectativa de vida hoje é diferente. Uma pessoa de 65 anos hoje é um jovem, apto a trabalhar e a produzir. Acho que todos têm que dar a sua cota de sacrifícios e na medida em que formos encontrando pontos na reforma trabalhista, por exemplo, sem cortar os direitos adquiridos, nós vamos dar a oportunidade do empresário que quer gerar emprego. O que as pessoas mais querem no país é emprego e emprego de qualidade.

 

As pessoas questionam como fazer a reforma da Previdência aumentando o tempo de contribuição sem emprego? Quando o setor produtivo vai voltar a investir e gerar postos de trabalho?

Na hora que os sinais específicos de mudança estruturais acontecerem, os empresários vão tirar os seus projetos da gaveta. O Brasil é o país das oportunidades. Nós temos um país com 8,5 milhões de km² com todas as demandas a serem atendidas: casas, rodovias, ferrovias, aeroportos, hospitais, saneamento básico, portos Então, tudo isto tem demanda para crescermos e este é um país de oportunidades, diferente de alguns países da Europa, que já estão consolidados. Nós temos uma juventude chegando, nós temos uma boa educação e nós temos condições, com essa retomada dos projetos, gerar empregos. Na hora que o emprego vier, pode ter certeza de que os superávits virão.

 

Os estados estão falidos. Já são três os estados que decretaram calamidade financeira. Fica mais difícil recuperar a economia em um ambiente com tantos problemas?

O que a gente vê não são problemas só com os estados. São os estados e municípios. A diferença é que os déficits da União podem ser cobertos por empréstimos e os estados e municípios não tem essa oportunidade. Isso é uma demonstração clara e evidente de que é necessário fazer algo. É preciso fazer algo profundo, no sentido de ajustar e isso custa sacrifícios e esse sacrifício tem que ser distribuído igualitariamente para todas as camadas da população. A única forma é ter essa distribuição igualitária.

 

Para 2017, o senhor acredita em melhoras? É possível ter expectativas positivas?

Nós temos expectativas positivas. Nós inauguramos o maior projeto de minério de ferro do mundo, em Carajás, com inovação tecnológica, que é o caminho da mineração. Nós temos ainda a estabilização de alguns projetos, as commodities começam a melhorar de preço e eu estou com muitas expectativas para 2017.

 

Com Donald Trump no comando dos Estados Unidos vai prejudicar o setor?

O Trump fala em investimentos muito fortes em infraestrutura. E investimentos em infraestrutura demandam produtos minerais e produtos metalúrgicos. O crescimento americano pode nos puxar.

 

O que seria mais importante agora: a reforma trabalhista ou a reforma Previdenciária?

A reforma Previdenciária impacta diretamente no cofre. Não sou especialista no tema, mas pelo que eu leio, se nós não fizermos o dever de casa em relação a reforma Previdenciária, em 2024 nós vamos estar pagando só saúde e educação. Estamos no time certo, primeiro ajustar as contas, fazer a reforma da Previdência e depois fazer a reforma trabalhista bem negociada.

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