A pandemia da Covid-19 tem afetado os municípios de maneira diferente. Alguns foram muito penalizados, outros estão em pleno desenvolvimento. Esse é o caso de Montes Claros, no Norte de Minas, que tem recebido investimentos de vários setores. O prefeito da cidade, Humberto Souto (foto), comemora a instalação das empresas que estão mudando o perfil da região. Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, ele acredita que há uma luz no fim do túnel e que a vacinação está avançando para garantir o retorno à normalidade e gerar mais oportunidades para o município. (foto reprodução internet)
Como está o processo de vacinação em Montes Claros?
A vacinação está normal, dentro do nosso cronograma. Estabeleci uma escala em que atendo 70% com a idade e 30% com comorbidades e grupos especiais. Dentro desse critério, a vacinação está normal. Estamos vacinando pessoas com 50 anos. Vamos pegar a vacina nesta segunda-feira para começar a vacinação das pessoas de 45 a 50 anos e assim por diante.
A cidade está voltando ao seu ritmo normal?
Nós estamos com uma leve tendência de alta. O comércio está todo aberto. Nós abrimos há mais tempo. Mas agora houve uma diminuição, porque o governo colocou na onda vermelha.
Mesmo durante a pandemia, as notícias são as de que Montes Claros tem recebido muitos investimentos. Qual a expectativa para a chegada desses investimentos?
A nossa expectativa é de crescimento muito grande.
As empresas de energia fotovoltaica têm buscado a região. Essa é a saída para a crise
energética?
As energias alternativas, a energia solar e a eólica, são a saída Grandes grupos internacionais estão se estabelecendo na região toda. Montes Claros está virando um polo farmacêutico também. O governador também vai investir na região com a construção de uma ponte sobre o rio São Francisco, na cidade de São Francisco A construção de uma ponte em Manga, a ligação da estrada que vai para Brasília. Para se ter uma ideia, essa estrada vai reduzir em 200 quilômetros de Montes Claros à Brasília. Montes Claros está se transformando em um centro de vantagens.
A cidade está virando um centro de distribuição e de escoamento da produção da região?
Exatamente. Entre o Nordeste e o Sul. Estamos com muitas perspectivas.
O fato de Montes Claros ser uma cidade universitária ajuda na opção dessas empresas pela cidade?
Isso ajuda, porque temos mão de obra. As empesas olham tudo isso. Temos um aeroporto movimentado, que recebe voos do Brasil inteiro. Temos o segundo polo rodoviário do Brasil , entroncamento importante. A cidade está muito bem, está bem administrada, modéstia à parte. Isso tudo traz muitas empresas. Tem muita gente do mundo inteiro querendo investir no Brasil, em um momento de crise como esta. O PIB está subindo, com perspectiva de chegar a 6%,7% no final do ano. Há uma luz no fim do túnel.
Industrialização significa crescimento, mais pessoas buscando a cidade. Montes Claros tem como receber todo esse crescimento?
A cidade de Montes Claros se prepara naturalmente, o que é interessante. É uma cidade que se desenvolve sozinha, sem ninguém atuar. Hoje mais organizadamente. Montes Claros é uma cidade polo, congrega uma população em torno de dois milhões de habitantes. Isso transforma Montes Claros em um centro atrativo.
Falando em política, os palanques para 2022 já estão sendo montados. Como o senhor está analisando o cenário nacional e em Minas?
Não tenho muito envolvimento político atualmente. Estou observando o quadro. Estou olhando. Parece que o quadro em Minas está definido com a disputa entre o Alexandre Kalil e Romeu Zema. Eu acho que fica polarizado. Mas essa pandemia muda tudo, até o astral da pessoa.
É um novo cenário?
É um quadro difícil, porque o Bolsonaro tem muita popularidade, mas tem uma campanha violentíssima da imprensa nacional contra ele. Não sei se ele vai resistir.
As pesquisas estão indicando dificuldades para a reeleição do presidente. Elas podem, nesse momento, indicar o rumo que ele deve dar ao seu governo para recuperar espaço?
As pesquisas erraram muito na eleição dele. Pesquisa hoje é um fato econômico, um fator eleitoral. Vamos ver. Com o problema da pandemia, ele teve um comportamento excepcional. Nenhum presidente até hoje, que eu tenha conhecimento, e estou na política há 60 anos, eu vi fazer o que ele fez. Se não fosse a correção do governo federal para com os municípios teria morrido mais gente. Por outro lado, falam que as pessoas morreram porque ele não usou máscara, então é complicado.
O presidente é ruim de marketing?
Tem um tipo de povo para quem ele faz um bom marketing, com outro não. As pessoas mais elitizadas têm mais dificuldade tem mais dificuldade de gostar dele, porque ele fala muita bobagem. Mas o governo está tendo uma performance exemplar. O governo. Mas não sei o que vai influenciar o eleitor, como ele vai se posicionar.
As 500 mil mortes são um legado difícil de carregar?
Acho que ninguém é culpado pelas 500 mil mortes. Daqui à pouco vão falar que eu também sou culpado, que o prefeito é responsável pela pandemia. É muito complicado para um país pobre, quebrado, durante a pandemia não faltar um remédio e ninguém morrer sem atendimento, nenhuma morte por falta de hospital. Tudo isso foi o governo federal que bancou, em todos os municípios. Se ninguém desviou ou roubou, não faltou recurso. Estou administrando até hoje a pandemia, com dinheiro do ano passado. Sabia que ela não ia terminar e usei o recurso até a vacina chegar. A solução definitiva é a vacina. O Brasil é o quarto país em vacinação e, para mim, é o que importa.