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Decisão de cúpula não compromete deputado

O recesso parlamentar serviu para acalmar os ânimos e dar a falsa sensação de que a crise política que afeta fortemente a economia brasileira estaria controlada ou perto disto. Mas nos bastidores, os partidos estão se articulando e, mesmo onde o PT parece estar conseguindo recuperar o apoio, a situação não está tão tranquila. Depois da visita que a presidente Dilma fez aos pedetistas no encontro nacional do PDT, em Brasília, alguns deputados, inclusive os dois mineiros: Mário Heringer e Subtenente Gonzaga, deixaram claro que votam pela instalação do processo de impeachment na Câmara Federal, ao contrário da orientação do diretório nacional. Para o Subtenente Gonzaga (foto), além dos deputados tomarem um caminho diferente em relação ao impeachment, a população também já percebeu que há muita manipulação política nestas discussões, que acabam tendo reflexos negativos na economia e fortalecendo determinados grupos políticos.  

 

Os deputados de seu partido vão seguir a orientação do diretório nacional e rejeitar a proposta de impeachment da presidente Dilma?

O diretório tomou a decisão de se posicionar contra o impeachment, por entender que não existem  razões jurídicas para isso. Para confirmar essa decisão do partido, a presidente Dilma foi no encontro do PDT. Mas a minha posição é a favor da abertura do processo, mesmo com  a decisão partidária do PDT de ser contra por não haver embasamento legal. 

 

O presidente do diretório do PDT em Minas, Mario Heringer, acredita que outros deputados devem  tomar um caminho diferente da direção nacional. Como estão as conversas nesse sentido entre os parlamentares?

Eu acredito que pelo menos cinco deputados votem a favor. Dos 18 deputados federais do PDT, pelo menos cinco votam pelo impeachment.

 

Como está o clima político em Brasília, agora, no fim do recesso parlamentar?

O que eu percebo é que o agravamento da crise econômica, vinculada à crise política, começa a gerar uma percepção na sociedade de que é a política é que está afundado a economia. Muitos parlamentares começam a sinalizar que há um risco de que determinados enfrentamentos políticos podem e estão aprofundando a crise econômica, com consequências para os próprios partidos. E se nesse início de mandato valia a pena o enfrentamento político, essa disputa, essa tentativa de fazer “sangrar” a Dilma, reduzi-la até a uma incapacidade de reação, nós começamos a perceber sinais de que o aprofundamento da crise política, ou a manutenção da disputa política onde o principal discurso em plenário é a acusação de um lado e de outro, pode levar a prejuízos maiores. A impressão que eu tenho é a de que vai acontecer uma melhora. Não sei se é a avaliação correta, mas é a minha percepção.

 

E nas bases eleitorais, qual é o recado que os eleitores tem mandado?

Da mesma forma, percebo que o impeachment, na forma em que foi colocado, está fazendo aumentar a percepção de que esse é um instrumento de barganha do Eduardo Cunha  (presidente da Câmara dos Deputados). Essa consciência está aumentando inclusive entre a população. Eu, que a todo momento  recebia uma pressão pelo impeachment, agora recebo pressão em relação ao Cunha. Ficou evidente para a sociedade que o Cunha não está defendendo o impeachment para salvar o Brasil e sim para salvar a própria pele. Essas percepções vão tirando a legitimidade daqueles que, inclusive, faziam a defesa intransigente do impeachment da presidente Dilma. O que se percebe é que não se fala mais em tirar a presidente para salvar o país, mas para salvar o que se tem de pior.

 

A presidente Dilma se mostrou mais tranquila no encontro do PDT?

Não estive com ela. Mas o que nós percebemos foi que ela estava mais a vontade. Mas não saiu do lugar comum. Fez um discurso dizendo que não tem dinheiro na Suíça, que não existe acusação de desvio de dinheiro público, repetiu o que vem dizendo. Como ela já foi do PDT e se encontrou com muitos militantes gaúchos, ela estava se sentindo em casa.

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