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Deputado avisa que não adianta quebrar o cofre se não tem dinheiro lá dentro

Paulo César de Oliveira
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Nos três mandatos consecutivos como deputado estadual eleito pelo PTB, o deputado e empresário Braulio Braz (foto), acompanhou mudanças profundas na economia e na política brasileira. Ele assumiu a presidência estadual do partido e o está preparando para se adequar as novas regras partidárias. Com a cláusula de barreira, 14 dos 35 partidos com representatividade no Congresso Nacional ficarão sem recursos do Fundo Partidário e terão outras limitações para expor suas propostas. O PTB não corre esse risco, mas vai se preparar para se fortalecer e chegar aos 2% dos votos válidos em 2022, como o definido nas novas regras. Para tanto, Braulio Braz quer o partido forte em todas as regiões do estado. Na última eleição alguns quadros do partido decidiram buscar outras legendas para defender seus projetos políticos individuais, mas não conseguiram ir muito longe. Para o parlamentar não adianta buscar protagonismo sem ter um grupo político. Política não se faz sozinho, mas com diálogo e grupo.

 

O senhor pretende resgatar algum quadro que deixou o partido?

Ninguém deixou o PTB por insatisfação. Estou lá há 13 anos e o que vi sair foi por buscar mais protagonismo em outro partido. O pluripartidarismo levou a isso, levou as pessoas a acharem que por si só, sem participar de grupos, podem sozinhos ter o protagonismo, sem precisar de A mais B. Agora, com a diminuição do número de partidos e com a cláusula de desempenho, o grupo político tal vai conseguir aumentar muito o volume de pessoas do mesmo partido. Nós precisamos cuidar agora, com toda seriedade, para que o PTB volte a ter protagonismo na política. Não estamos falando que vamos lançar candidato a prefeito decorativo, por teimosia. Acho importante, sempre, a reunião de um grupo político em prol de um protagonismo e de grandes realizações. O que todo partido quer é deixar sua marca com realizações em Minas Gerais. O PTB está aberto a coligações e em cada lugar vai escolher parceiros que possam levar ao protagonismo, não só o PTB, mas aquele grupo que quer realizar excelentes trabalhos nas comunidades em que nós vivemos.

 

Tem muitos analistas políticos apontando que nas próximas eleições irão se beneficiar os partidos mais ao cento e centro direita. O senhor está percebendo isto nas conversas que tem mantido?

Eu acho que no Brasil, as pesquisas começam a mostrar claramente isto, que está havendo um posicionamento das pessoas mais claramente à direita. Antes todos queriam ser esquerda. Esse negócio de centro direita e centro esquerda talvez tenha sido criado para mascarar e manter a possibilidade de se coligar de um lado ou de outro. Com o poder central saindo das mãos da esquerda e indo para a direita, não é uma direita radical, porque isso não existe, não tem nem espaço para isto. A sociedade brasileira quer uma política séria, decente, honesta, respeitando, sobretudo, a democracia. Ninguém mais vai ter medo, daqui para frente de se posicionar como direita.

 

Ao que tudo indica, Minas Gerais terá que fazer a sua reforma da Previdência. Com essa base que o governador tem, ele vai conseguir aprovar essa matéria?

Para a maior parte dos estados será difícil convencer a população sobre a necessidade da reforma. Por outro lado, é importante lembrar que a Previdência do estado é do funcionário público e a Previdência federal é da população em geral. A mudança será para o funcionalismo público, então fica mais fácil se chegar a um consenso pois, como está, o governo de Minas não tem condições de pagar. Nós temos estados no país tão problemáticos como o nosso, que já estão mostrando que não tem mais condições de pagar, como no Rio Grande do Sul. Adianta quebrar o cofre se não tem dinheiro lá dentro?

 

O governador Zema vai conseguir aprovar os projetos da reforma fiscal ainda neste ano?

Acho muito difícil. Alguns projetos devem ser votados neste ano ainda para ajudar o governo a colocar as suas contas em dia, porque a Assembleia está muito preocupada com o pagamento dos salários atrasados.

 

Havia uma expectativa muito grande de que a economia daria sinais de recuperação no primeiro semestre e isso não aconteceu e no segundo semestre a tendência se repete. O que aconteceu?

É claro que nós queríamos que tudo acontecesse muito rápido. Dentro de todas as dificuldades econômicas do país e com a imprensa trabalhando contra, o país está crescendo. Depois de uma fase de recessão, juros altos, inflação alta. Hoje temos juros baixos, inflação baixa, economia crescendo, desemprego diminuindo. Tudo isso serve de balizamento para um futuro no curto prazo. O governo central trabalhou muito. Gostei do trabalho do Congresso, acho que o Congresso trabalhou muito bem, com alguns senões.

 

A equipe econômica quer acabar coma estabilidade do servidor público. Essa é um tema que o governo terá dificuldade no Congresso Nacional?

O que vimos nos últimos anos foi o aumento do custo de pessoal na máquina pública, sem o efetivo aumento do PIB brasileiro. Isso nos levou a esta situação. Desde que se começou a medir o PIB até os anos atuais, não houve nenhuma recessão em que o PIB ficou negativo por mais de um ano. Em determinado governo, tivemos três anos de PIB negativo. Agora ele está crescendo, está positivo, mesmo que pouco, está bom. Em relação á inflação, nós estamos equilibrados. Ninguém fala que nos governos militares nós chegamos a crescer 10% ao ano. Então, isso tudo é dentro das possibilidades. Mas nós não podemos olhar só para o nosso umbigo, temos que olhar para o mundo todo, para a economia mundial e mesmo a economia mundial não estando muito boa neste ano, nós estamos caminhando para frente, com inflação baixa, juros baixos e PIB positivo. Nessa questão do funcionalismo público, acredito que o Paulo Guedes está jogando alto para colher bem menos. O fim da estabilidade é impossível, está na Constituição e não tem como mudar. O que existe é o valor do salário no serviço público muito mais alto do que na iniciativa privada. Se a pessoa na iniciativa privada pode crescer em conhecimento, em aperfeiçoamento, grande parte dos servidores ficam na mesma função o resto da vida.

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