As dificuldades do governo para convencer os deputados federais da necessidade de aprovação da reforma da Previdência começam na sua própria base de sustentação. O presidente interino da Câmara, Fábio Ramalho, deixou exposta essa divergência durante a passagem do ministro Chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, na sede da Fiemg, quando expôs a sua posição contrária a aprovação da matéria, afirmando ainda que o governo não tem os votos necessários para aprovar a reforma. O peemedebista Fábio Ramalho(foto) também colocou em discussão outro assunto que o tem preocupado: os juros bancários. Ele entende que o governo tem que enfrentar esse tema e diminuir os juros, considerado por ele como extravagantes.
Deputado, o senhor não está acreditando na aprovação da reforma da Previdência?
Acho muito difícil. O governo pode trabalhar melhor agora porque está com uma equipe muito boa. Mas acho muito difícil. O tempo é curto e vamos ter que aguardar até o dia 19 de fevereiro para ver se o governo vai conseguir os votos necessários.
O senhor está dizendo que o tempo é curto, mas o governo está nesse trabalho de convencimento dos deputados desde o ano passado. O que está faltando, na realidade para convencer os deputados?
Poderia ter sido feita uma melhor comunicação do governo para com a sociedade. Faltou informar direito a população sobre a necessidade das mudanças. O texto atual também é muito tímido, vamos fazer uma pequena reforma agora para quem entrar no próximo governo ter de votar outra. Do jeito que este texto está, eu voto contra.
O que o senhor tem dito para o coordenador político do governo, o ministro Carlos Marun e para o presidente Michel Temer?
Eu falei para o ministro que com os juros exorbitantes praticados no país, os bancos faturam milhões e não entram na reforma. Nós precisamos fazer a reforma sem condicionar a nada e colocar os juros a termos reais, não esses juros extravagantes, fora da estratosfera mundial, como são os juros brasileiros atualmente. Os bancos ganham muito e estão abarrotados de dinheiro.
O senhor conversa muito com os deputados. Qual é a maior reclamação deles em relação ao governo, que dificulta que eles apoiem a reforma da Previdência?
Os deputados reclamam, principalmente, da falta de comunicação do governo nessa questão da reforma da Previdência. Está muito difícil para o governo
Em relação as eleições em Minas Gerais, qual o caminho que o MDB vai tomar?
Em Minas nós vamos fazer do mesmo jeito em que está. A maioria dos deputados está alinhada com o governador Fernando Pimentel e vai sair essa aliança. Quem decide é a maioria, que são os cinco deputados federais e os 13 deputados estaduais.
Por que essa decisão? É mais vantajoso para o partido continuar alinhado com o governador Fernando Pimentel a lançar candidatura própria?
Sim. É melhor para o partido.