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Sérgio Frade: A realidade das empresas de seguro

Os últimos anos não têm sido fáceis para ninguém, mas um setor tem sido afetado mais fortemente. É o setor de seguros. Vários fatores têm afetado as seguradoras, desde a fragilidade da economia até os chamados sinistros e eventos climáticos extremos, que têm sido registrados no Brasil de norte a sul. O presidente da Solutions Gestão de Seguros, Sérgio Frade(foto), disse que as empresas estão tendo que se adequar. Isso porque os números não têm ajudado o setor. Só com seguro de carro, em 2022, foram pagos mais de R$ 5 bilhões no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, um avanço de 101,2% em relação a 2021. Desse total, 61% são referentes a Minas Gerais. Nesse mesmo período, ocorreram mais de 45 mil roubos e furtos de veículos, 13% a mais do que em 2021. Sérgio Frade lembra que esse é só um exemplo do que está acontecendo com o setor.

Como a situação econômica atual está impactando o setor de seguros?

Bastante impactante. Nós estamos em uma fase em que é muito comum usar esse termo nos mercados de seguros: hard market. O que é isso? É o mercado que está mais duro para negociação. As seguradoras estão com bastante restrições e essas restrições elas são baseadas em algumas situações. Há um pouco de catástrofe no mundo, que está ocorrendo em algumas regiões. Aqui no Brasil está mais acentuado na questão da recuperação judicial que ocorreram recentemente e que estão impactando muito o mercado, em função, principalmente, do seguro de crédito, que também acaba chegando nos seguros de garantia. Estamos percebendo o maior endurecimento do mercado, com mais restrições. E isso é bem abrangente porque você tem, por exemplo, uma situação igual àquela que ocorreu lá na baixada paulista, com a chuva desproporcional. O que aconteceu ali foi uma quantidade enorme de veículos que foram danificados. Isso tudo acaba impactando o mercado de seguro de automóvel. Teve outra questão que foi o caso da Americanas, que impactou bastante o mercado de seguros de crédito e de garantia, porque as seguradoras terão que pagar uma parte daquele prejuízo que ela está causando aos fornecedores.

Os planos de saúde também foram afetados?

Esse é um outro aspecto importante que atinge as pessoas como um todo, que é o seguro de saúde. É o plano de saúde. As seguradoras apresentaram no ano passado um prejuízo em relação a esse mercado. Isso por um único motivo: havia um represamento das consultas eletivas. Durante a pandemia, ninguém procurou hospital, procurou médico, nem nada. Ficou todo mundo quietinho em casa. Quando as pessoas foram ganhando mais confiança, sentindo que poderiam de fato fazer um procedimento com hospital, procurar um médico, aquela demanda reprimida acabou acontecendo. As seguradoras apresentaram no último ano um resultado muito ruim, com prejuízo. Todas elas. Isso acabou impactando o mercado, porque as seguradoras estão tendo que recuperar esse prejuízo. O seguro é um mutualismo. Alguém que paga hoje, está pagando por alguém que utilizou. O risco é pulverizado entre um grupo. Estamos em um momento bastante difícil em termos de colocação do seguro. Muitas seguradoras não estão nem aceitando o risco, se não tiver uma boa proteção e estão revendo os preços em função desses resultados negativos que tiveram no último ano. Nós que somos operadoras, estamos tendo uma dificuldade maior de buscar seguros em boas condições para os clientes.

Muitas dessas questões aconteceram por situações atípicas. Como se precaver desses incidentes?

É com maior exigência de proteção e dos riscos. Por exemplo, as seguradoras, para aceitarem um seguro de incêndio, estão exigindo que o cliente tenha extintores, uma rede de hidrante, um sistema de segurança. Nos seguros de roubo têm que ter uma proteção de vigilância. Na parte de seguro saúde as seguradoras estão combatendo fraude, porque existe um volume de fraude muito alto. As seguradoras estão exigindo uma maior proteção do risco para aceitação. Isso é o que elas estão fazendo para poder melhorar o resultado e melhorar de novo a questão do preço.

E contar com a sorte daqui para frente?

O sinistro, que é o que as seguradoras falam, isso sempre vai ocorrer. Nós não temos muito como controlar uma situação como aquela que aconteceu lá em São Paulo recentemente, que foi o fenômeno da chuva, que não se consegue controlar. O que as seguradoras estão fazendo é uma maior exigência de aceitação do risco. Por exemplo, se tiver uma área que é sujeita a forte alagamento, desmoronamentos, talvez a seguradora nem aceite o risco. Se ela não aceita o risco, ela impõe uma condição de ônus para aquela pessoa. Aí a pessoa vai pensar duas vezes se ela vai construir naquele local ou não. Se ela construir , no mínimo não vai ter cobertura de seguro. Para veículos de alto valor, por exemplo, elas exigem uma série de coisa. Exige um rastreador, por exemplo. É isso que elas estão fazendo. Elas estão aumentando o nível de exigência para aceitar o tipo de seguro. Nós estamos em um momento em que é mais difícil a colocação de seguro e os preços também estão mais altos. Esse é o momento. Na hora que melhorar os resultados, as seguradoras começam a ficar de novo mais competitivas. (Foto/reprodução internet)

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