A população mal começou a se recuperar dos efeitos da pandemia e do confinamento e veio uma outra situação que colocou, de novo, tudo de ponta a cabeça. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia afeta a economia de todo o planeta. A dependência de alguns produtos atinge em cheio a produção e o abastecimento. Os efeitos no bolso do consumidor são inevitáveis e, segundo o empresário e presidente do Grupo Supernosso, Euler Nejm (foto), essa situação não é interessante para ninguém.
Como está a situação nos supermercados nesses tempos de guerra?
Para nós não é satisfatório esse aumento de produtos alimentícios, principalmente as commodities, porque é difícil repassar isso ao consumidor final. No volume acabamos perdendo venda. O faturamento pode até crescer em função do aumento de preço, mas deixando claro que não somos nós que especulamos. Somos prestadores de serviço. Nós disponibilizamos os produtos em gôndola e acaba que não é interessante para o nosso setor. Nós queremos ver a venda em volume e acaba que essa situação atinge o bolso do consumidor, principalmente dos assalariados. A inflação corrói, sem dúvida, o poder de compra dos assalariados.
Com essa dificuldade que os produtores enfrentam para comprar os fertilizantes, a situação tende a se agravar?
Tem uma parte que é especulação. Existe um espaço de especulação. Nós não sabemos até quanto é especulação e quanto é realmente aumento de custos. Não sabemos. O alimento tem essa variação. Ele pode sofrer um aumento e depois esse aumento pode não se sustentar. Nós torcemos, sem dúvida alguma, para que se resolva esse impasse, porque, primeiro: acho que guerra não tem nada que a justifique. Segundo, tomara que esse impasse seja resolvido para que possamos voltar a ter uma vida normal, vamos dizer assim. É uma coisa atrás da outra. Primeiro veio a pandemia, distorcendo toda a cadeia produtiva e a cadeia de abastecimento. Agora é a guerra, e o que tá sendo previsto é um momento de “estagflação”, ou seja, a economia não cresce, mas os preços aumentam. Isso é a pior dos mundos.
Já teve um período semelhante para o setor?
Já tivemos sim e isso não é benéfico, pois acaba ruim para todo mundo. Já tivermos uma situação semelhante assim na época do plano cruzado, já tivemos sim várias situações. Quando tem inflação de demanda, com todo mundo querendo, os preços aumentam porque a procura está maior que a oferta. Agora é uma inflação de custos, porque a demanda não cresce, mas os custos aumentam.
O dólar está caindo. Isso pode ter algum reflexo nos preços?
Isso alivia o impacto. Se o dólar tivesse subindo, seria o pior dos mundos. O dólar em queda alivia o impacto nos preços internos. Mas o Brasil é exportador de produtos agrícolas e de minerais, as commodities agrícolas e minerais, e esses sofrem um impacto. Mas internamente alivia o impacto dos aumentos.
Se a situação entre Rússia e Ucrânia se prolongar, falam até na possibilidade de escassez de combustível. Se isso chegar a acontecer, pode envolver toda a cadeia produtiva?
Combustível faz parte de todos os custos da cadeia produtiva e interfere sim. O petróleo, assim como as commodities que eu comentei, as agrícolas e minerais, é uma comodity muito visada e muito importante e tem impacto em toda a cadeia produtiva.
Esses problemas no mundo e no Brasil estão alterando o seu cronograma de crescimento do Supernosso?
Confesso que estava com um programa mais arrojado de abertura de novas unidades. Nós temos que, neste momento, ponderar e diminuir o apetite, mas não quer dizer que eu vá abandonar o nosso projeto. Nós vamos cadenciando conforme a segurança que nós possamos ter. Nós ficamos mais atentos.
Você é uma pessoa inovadora. Em vários prédios em Belo Horizonte já tem instalada uma pequena mercearia. Essa proposta está dando certo?
O propósito do grupo Supernosso é facilitar o abastecimento de lares e negócios. Tudo o que que venha a somar nesse propósito, nós paramos para ouvir e esse é o caso da Be Honest, esses minimercados de condomínios, que é um serviço para o consumidor. Nós também, temos o propósito de atuar de forma omniChannel, achamos esse nicho também, porque o consumidor tem momentos de compra, quando falta algum produto. Dentro de casa pode acontecer de sentir a falta de um produto ou outro para fazer o jantar, o almoço, para receber um amigo, e ter os produtos disponíveis ali, bem perto. É um serviço que tem sido reconhecido e estou satisfeito com o desempenho da marca e dessa parceria com a Be Honest.
O consumidor tem sido honesto?
Isso é uma educação também. Tem melhorado. O nosso índice de perda já foi maior. Não deixa de ser educativo também e tem sido administrável. (Foto reprodução internet)