Adequar as escolas para a nova realidade imposta pela Covid-19 não está sendo uma tarefa fácil. Mas muitas têm superado todos os obstáculos, conseguindo resultados surpreendentes. Esse é o caso do Centro Universitário UNIFIPMoc. A reitora Fátima Turano (foto) conta que foi preciso muito trabalho e muitos recursos financeiros para chegar ao modelo que está sendo adotado com sucesso na escola. Os resultados obtidos no ano passado mostram que o caminho adotado mantém o nível de aprendizado tanto nas aulas teóricas como nas práticas, que acontecem com o número reduzido de alunos nos laboratórios e nas salas de aula.
Como está sendo o novo normal na UNIFIPMoc?
Nós começamos em fevereiro, do mesmo jeito que nós terminamos. Isso porque em Montes Claros, o prefeito Humberto Souto permitiu, em decreto, a ida dos alunos para a escola nas atividades práticas. Cada período, de cada curso, tem ido à escola pelo menos uma ou duas vezes na semana para fazer as aulas práticas. Os cursos de Medicina, os primeiros períodos vão para os laboratórios ou no ambulatório médico. As aulas teóricas continuam sendo online. Se a disciplina tem cinco aulas, uma é prática, as outras são online. Essa foi a alternativa que nós encontramos. Agora, o prefeito editou um novo decreto autorizando o retorno às aulas para o dia 4 de março. Nós estamos na expectativa, porque houve um aumento gritante nos casos da Covid-19 na cidade e ainda não sabemos se haverá um lockdown, como está sendo cogitado, para fechar tudo a partir às 22h até as 5h. Não sabemos se vai mudar devido à gravidade da doença na cidade. Os alunos do curso de medicina fazem estágio e recebemos informações dos hospitais falando da situação, se estão lotados, se estão fechados, pedindo para não mandar os estudantes, porque a situação está perigosa. Nós estamos com tudo preparado.
Como é esse esquema de aula?
Nós programamos usar o ensino de aula híbrido, porém com um pouco de aula presencial. O aluno não é obrigado a ir, mas se uma sala tem 50 alunos, vamos supor que 30 resolvam ir às aulas presenciais. Nesse caso um dia vão 15 e no dia seguinte os outros quinze. Nó estamos trabalhando com o número máximo de 15 alunos nas salas. Não estamos fazendo intervalos para conversar, para um lanche. Os alunos terão dois horários e vão embora. A outra turma vem nos outros dois horários e vai embora. Foi uma trabalheira para fazer isso em uma escola grande como a nossa. Na área de Exatas, nós mandamos todos para o Centro da Área, o CEPEAGE, que engloba também os cursos de Engenharia, Arquitetura e Gestão. Ali é adotado o mesmo modelo para diminuir a quantidade de pessoas no campus. Ainda assim, temos um local de entrada e outro de saída de estudantes e funcionários. O prédio tem um desnível, e com isso, um grupo entra direto em um espaço, para evitar aglomeração.
O mesmo acontece na escola na Bahia, a FIPGuanambi?
Na Bahia está mais complicado, porque lá está em look down é diferente, com fechamento ocorrendo a partir das 18h.
A dinâmica curricular está sendo cumprida?
Com certeza. Não é a mesma coisa do que o sistema presencial, principalmente em relação a socialização dos alunos. Mas em termos de trabalho tem sido muito produtivo. Atualmente as aulas são mais técnicas. Com isso, o pessoal do TI e Centro de Educação a Distância desenvolveu várias técnicas para aplicarmos nos alunos. No programa nós temos salas, cada curso tem a sua sala de aula e os alunos têm como fazer perguntas e interagir com os professores. Está sendo um aprendizado, uma experiência nova para todos nós, mas os resultados do ano passado foram muito positivos, o que nos levou a aperfeiçoar os trabalhos nas salas de aula e os que ficam em casa. Uma câmera fica na sala e os alunos que estão em casa conseguem acompanhar o que acontece, inclusive ouvindo as perguntas dos colegas que estão assistindo presencialmente. Foi muito trabalho e gasto financeiro para chegar a esse modelo. Fizemos um plano para o retorno nos mínimos detalhes.
Como evitar que o coronavírus contamine estudantes, funcionários e professores?
Nós felizmente temos um esquema que pode não ser perfeito, porque tudo tem necessidade de ajustes. Mas o prefeito colocou no plano de vacinação os professores. Nós tivemos muita sorte, porque no nosso ambulatório foram vacinados 90 profissionais da medicina, todos os profissionais da saúde. Os últimos vacinaram 17 dentistas. São os profissionais da área de saúde. Nós não tivemos vacinação ainda nas engenharias. Nós estamos aguardando para a chegada de mais doses da vacina. Estou com esperança de que os professores sejam vacinados. Os alunos devem demorar mais um pouco devido a prioridade que está sendo feita em relação aos grupos de risco. Na prática, nos laboratórios são usadas máscaras, luvas. As máscaras de acetato para impedir a contaminação. Os próprios alunos fizeram as máscaras usadas nas escolas e que foram feitas para todos os hospitais e postos de saúde de Montes Claros. Todos os alunos receberam esse material e vão receber no retorno das aulas no dia 4. No segundo semestre nós tivemos a presença dos alunos e não tivemos casos de Covid. Nós temos é que nos precaver. Nós não deixamos os alunos ficarem nos corredores, fazemos uma vigilância constante. Muitos desistiram de estudar com medo. A nossa realidade é trágica.