A crise econômica tem afetado a todos, de uma forma ou de outra. Algumas regiões sentem mais e outras aplicam a fórmula tirando o s da crise e criando um outro momento. É isto o que tem acontecido em Montes Claros. O presidente da regional Norte da Fiemg e vice-prefeito de Montes Claros, Adauto Marques acredita que a diversificação econômica ajudou a cidade e a região a avançarem mesmo nesse momento de dificuldades no país. A infraestrutura da cidade, as muitas escolas que ajudam a preparar a mão-de-obra necessária são alguns dos aspectos que atraem novas empresas e tornam a região em uma ilha de desenvolvimento.
Como a crise política e econômica está afetando as empresas da região?
Montes Claros tem uma característica um pouco diferente. É claro que a crise existe para todo mundo, no Brasil, nos estados e nos municípios, mas Montes Claros tem um aspecto que a diferencia e que faz com que sintamos menos a crise. Nós chegamos a experimentar até um crescimento do PIB industrial devido a diversificação ou diversidade das empresas implantadas na região. Além do aspecto de potencial no segmento de biotecnologia e fármaco, que nós temos algumas das maiores empresas mundiais do ramo, que está se consolidando como um polo fármaco, nós temos também grandes indústrias, como a maior fábrica de leite condensado do mundo, a da Nestle, nós temos a fábrica de cápsula de café da Nestle inaugurada no ano passado e estamos prestes a inaugurar outra da Três Corações e estamos prestes a inaugurar a maior fábrica de injetáveis da América Latina, a Hipolabor, temos sondagens de grandes empresas e de grandes indústrias e a Coteminas, que tem quatro mil funcionários. A economia é bastante diversificada. Nós temos uma cimenteira, a fábrica das Havaianas aqui, e é isso que proporciona, mesmo com toda a crise, um crescimento.
O Produto Interno Bruto da cidade é um dos maiores do estado?
O nosso PIB industrial responde de 21 a 22% do PIB de Montes Claros. A cidade é o 10º PIB do estado e o que predomina em Montes Claros é a prestação de serviços e comércio, que responde por 54%, é uma cidade polo e referência em saúde, educação. Montes Claros tem uma população flutuante de quase um milhão de pessoas, para uma população de fato de quase 500 mil habitantes. Se considerarmos as áreas de interferência e as cidades que gravitam Montes Claros, nós temos quase dois milhões de habitantes, que usam os serviços de saúde, educação e outros serviços que a cidade oferece. Além disso, temos alguns polos regionais, como o de mineração em Pirapora, Capitão Enéas, Bocaiuva. Tivemos a maior seca prolongada da histórica, com dificuldades hídricas, mas estamos encontrando uma solução para esse problema e a nossa mensagem, nesses 160 anos é de otimismo, mesmo diante das dificuldades porque o país passa, a crise política, a econômica e a crise moral. Mas nós empresários não temos o direito de nos debruçarmos em cima da crise. Nós empresários temos de nos reinventar e é isto que nós estamos fazendo no dia a dia.
Montes Claros é uma ilha em relação ao que acontece no estado e no país?
É uma ilha quando analisamos o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) regional e a renda per capita. Quando comparados com o seu entorno, incluindo Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas e extremo norte, que são regiões sofridas e historicamente de baixo IDH, Montes Claros acaba se destacando, porque tem um desempenho proporcional a região. Montes Claros é catalizadora de desenvolvimento, de empreendimento e isso se reflete em todo o norte de Minas. Nós temos também um grande complexo de saúde e de educação, mas Montes Claros é importante junto com outras cidades do norte de Minas.
A participação dos empresários na política ajuda nas gestões municipais?
Acho que nós estamos começando com uma safra boa de políticos, as pessoas estão percebendo que precisam dar um pouco de si para o coletivo, e essa é a grande transformação. Isso está acontecendo no norte de Minas, no Brasil, para não falar no mundo, com a mudança de nomes de políticos tradicionais, que estão sendo substituídos por empresários, por executivos. Mas nós não queremos que os empresários e os executivos venham a ocupar o lugar dos políticos. Nós temos de ser é gestores. Eu, por exemplo, sou vice-prefeito de Montes Claros. A sociedade está cobrando isto e uma mudança no conceito de fazer política com eficiência na gestão e transparência.
O jeito de fazer política vai mudar com a operação Lava Jato?
Sem dúvida alguma, a Lava Jato é uma oportunidade que nós temos de nos colocar à disposição de acordo com as necessidades para trazer um pouco da experiência do privado para o público, com as suas peculiaridades, levando em conta as limitações que o serviço público e que o dinheiro dos impostos da população, gerir com transparência e otimizando os recursos, que são escassos.
Para quem está procurando um lugar para investir, Montes Claros é uma boa opção?
Montes Claros e o norte de Minas. Temos mão-de-obra qualificada, temos escolas, três cursos de medicina como referência, com excelentes avaliações do MEC, temos 24 instituições de ensino superior, entre universidades e faculdades, temos todos os cursos de engenharia, cursos de administração, farmácia, cursos que nos credenciam a receber investimentos, porque estamos preparando mão-de-obra. Temos quase 50 mil estudantes técnicos e universitários, temos boas escolas profissionalizantes, inclusive a melhor, que é a do Senai e outras mais. Estamos preparados para essa mudança na economia e no conceito de fazer política e de gestão e aptos a receber mais investimentos.