A cachaça, um produto tipicamente brasileiro, é dependente do funcionamento de bares e restaurantes, principais locais onde o produto é comercializado. O fechamento dessas casas durante a pandemia da Covid-19, por quase dois anos, teve efeito de um terremoto, segundo o presidente da Expocachaça, José Lúcio Mendes Ferreira (foto). E foi com uma vontade imensa de retomar esse mercado, que a 30ª Expocachaça abriu suas portas neste ano. O evento, que termina hoje, já movimentou R$ 400 milhões em negócios em anos anteriores. Mesmo não repetindo esses números, os produtores, segundo José Lúcio, estão conseguindo respirar um pouco.
Depois de tanto tempo, vemos o retorno da Expocachaça. Como foi esse retorno?
Nós estamos abrindo a porteira para passar o resto da boiada. Nós entramos e vários outros vão entrar. Esse é só o início. Outros setores também estão voltando a funcionar.
Como foi esse período parado por causa da pandemia?
Foi um período muito triste. O setor foi atingido como se fosse um terremoto, porque 70% do consumo de bebidas sempre foi feito nos bares e restaurantes. Sem os bares e restaurantes, os produtores ficaram órfãos para colocar os seus produtos no mercado. Muitos começaram a trabalhar com e-commerce e isso fez com que muitos tivessem resultados muito bons, mas outros, nem tanto. Com mais de 40% dos bares e restaurantes fechando as portas definitivamente, isso foi muito ruim para o setor. Agora, as vendas estão se recuperando e os produtores estão conseguindo respirar um pouco mais. Com a feira e a visibilidade dos produtos, com os negócios que estão sendo feitos aqui, nós vamos dar mais visibilidade para a cachaça e, principalmente, colocar a cachaça no mercado, após esses quase dois anos parados. Ficamos muito prejudicados.
Nós estamos tendo o retorno de eventos, festas, tudo isso impulsiona o setor?
Tem as festas de formatura, as festas de fim de ano, as confraternizações de Natal nas casas, tudo isso ajuda a recuperar e superar esses problemas, porque no Brasil nós vivemos assim, cada dia superamos um problema. É falta de energia, é greve de caminhoneiros, é a pandemia. Temos que ter diligência e resiliência para superarmos os problemas.
Como o setor deve fechar 2021 e quais são as expectativas para 2022?
Em 2022 nós vamos ter que ampliar a feira, mas estou gostando muito da feira na Serraria Souza Pinto. Esse é um espaço charmoso e é quase um evento boutique. Vou analisar ainda, mas estou reservando a data para que o evento aconteça em agosto. Estou com muita esperança e acredito que essa Expocachaça terá um balanço muito positivo.
Os produtores de cachaça estavam tentando aumentar a participação no mercado internacional, mas esse trabalho foi barrado pela pandemia. Como estão as exportações? Nós não temos ainda um espaço grande lá fora. Apenas 1% da nossa produção vai para o exterior e não aumenta de jeito nenhum. Nós precisamos fazer um trabalho eficiente para exportar a cachaça para podermos ter uma balança comercial boa e para colocarmos a nossa cachaça no mundo. Estamos espalhados por 70 países, mas exportamos só 14 milhões de litros em um universo de 1,4 bilhão, então, não é nada. (Foto reprodução internet