Uma missão empresarial mineira, liderada pelo presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo de Minas, Fernando Passalio(foto/reprodução internet), encerrou a participação na Austrália colhendo bons resultados. Passalio continua, sem os empresários, com a missão mineira passando pelo Japão e se juntando ao governador Romeu Zema na China, seguindo para o Azerbaijão e Portugal, antes de retornar ao Brasil.
Como foram as negociações dessa missão mineira na Austrália?
Nosso grande objetivo sempre foi fazer o ilustre desconhecido ser conhecido. Na Austrália, alguns investimentos em mineração vão por gravidade para África, devido a proximidade com o oeste australiano. A liberação do lítio no Brasil ela é relativamente nova. No último ano do governo Bolsonaro, ele liberou a exportação de lítio, porque antes o lítio não podia ser exportado. No momento em que ele libera essa exportação, Minas começa a entrar nessa rota e passa a ser possível investir na extração de lítio. No Brasil, só agora, depois de décadas, começamos a prospectar. Nós também fizemos na Nasdaq, o lançamento do Vale do Lítio e de lá para cá, a gente vem promovendo a região do Vale do Jequitinhonha, contando para o mundo que lá é um lugar com uma das maiores e melhores reservas de lítio do mundo.
Como a Austrália é um país também mineral, houve interesse?
É principalmente devido a esse perfil, em uma região que é a Minas Gerais deles. Em agosto começamos a visitar essas empresas, a contactar para poder colocar Minas Gerais como opção de investimento. E conseguimos. Nós já tínhamos algum nível de investimento australiano recente em Minas e com a ida da missão mineira agora para Austrália, arrematamos mais de R$ 2.4 bilhões de investimentos, com a geração de pelo 2 mil empregos diretos e 1500 indiretos, majoritariamente na região do Vale do Jequitinhonha. O valor que esse emprego gera é incomensurável, porque você está falando de muito dinheiro que vai circular numa região, até então, uma das mais carentes do estado, que passa a ter até o excesso de liquidez, até o excesso de dinheiro circulando. Então há uma possibilidade também de desenvolvimento daquela região gigante.
E hoje você já percebe isso. Hoje você já vai ver o salão de beleza na região mais cheio. O restaurante bem mais cheio. Nós temos casos de um hotel que dobrou a capacidade, construiu mais um prédio para poder atender a demanda por mês de serviço. Então, esse investimento na região já surtiu efeito.
Quando o governador começa a participar dessa missão?
Da Austrália vamos para Tóquio renovar um acordo em relação a indústria verde. Nós queremos continuar tendo apoio em algumas áreas, algumas políticas para a indústria de descarbonização. Depois do Japão, vamos para a China e, lá sim, vamos encontrar a equipe do governador para a assinatura de acordos e mais anúncios de investimento da China.
Muitos investimentos em que área?
A China tem interesse em tudo. Quando a gente vai à China é diferente. Na Austrália o foco foi mineração. Quando você vai para a China, você já vira multifocal, porque existem inúmeras oportunidades. É bom lembrar que passamos para a Fiemg o laboratório de terras raras. O estado não sabia o que fazer com ele e nós passamos para a Fiemg. Nas mãos da Fiemg conseguimos viabilizar uma parceria com o laboratório, e vamos fazer um estudo para a aplicação das terras raras, dando uma alavancada nessa indústria. Isso é um avanço, porque esse estudo, esse avanço de terras raras só existe na China e nós vamos começar a fazer esses estudos fora da China, o que deve colocar Minas Gerais, também como referência. Não só em lítio, a internalizar também as indústrias ligadas a essa área de mineração.
Os empresários do setor mineral sempre falaram que o governo deveria procurar a tecnologia da Austrália para modernizar o setor. Vocês estão trazendo novidades em termos de tecnologia?
Visitamos plantas de lítio e conseguimos observar, que em termos de licenciamento ambiental, a gente está bem evoluído. Nós temos um custo de energia menor do que a Austrália. Observamos que temos coisas para ensinar também. É importante colocar isso, porque temos uma síndrome, do cachorro vira-lata e temos avanços superiores em vários pontos.
Qual o roteiro será seguido após Japão e China?
Nós seguiremos para o Azerbaijão para uma pauta de meio ambiente. Temos uma energia 100% limpa, a hidrelétrica, solar, eólica, são diferenciais, porque quando essas empresas vêm para Minas, elas têm vantagem competitiva em relação a outros países por terem um alto nível de descarbonização no seu processo produtivo. Esse é um grande diferencial de Minas em relação ao restante do mundo. Depois vamos em Lisboa, Portugal, onde está tendo eventos empresariais de interlocução entre Minas e Portugal. São negócios em vários níveis, não só a gastronomia, mas serviços, indústria e tudo o que a gente pode fazer de intercâmbio com Portugal. É importante falar que Portugal enquanto hub, é a nossa porta de entrada para a Europa. São 10 milhões de habitantes no país, mas é ali é uma excelente porta de entrada para outros países da Europa.