Disposto a trocar a Federação das Indústrias de Minas Gerais, que preside desde 2018, pelo palanque político, Flávio Roscoe (Foto: Fiemg/Divulgação) trabalha para fazer o seu sucessor, enquanto analisa as propostas dos partidos. Ele disse que tem sido procurado por várias legendas. Foi sondado por aliados do presidente Lula, que até hoje está sem palanque em Minas, e por grupos mais à direita, com os quais se identifica. Ele já conversou com o governador Romeu Zema e seu vice, Matheus Simões, mas ainda não tem algo palpável para definir o caminho que vai tomar. Roscoe garante que vai manter a coerência com o que pensa e prevê 2026 como um ano perdido, devido ao acirramento político.
O ano de 2026 começa já com clima de campanha eleitoral e em um ambiente muito acirrado entre os poderes. Essa situação pode prejudicar a economia brasileira?
Um debate político muito acirrado, muitas vezes gera impacto não desejável na economia. E a gente costuma ter criações de propostas que não são boas para o Brasil no futuro. E aí, às vezes, cada lado engajado nisso, cria propostas cada vez mais mirabolantes que a outra e isso pode ter impactos relevantes na economia e na sociedade. Então, é manter o bom senso nos debates e nas propostas. É isso que a gente vai procurar defender em 2026.
O país fechou o ano com juros anuais de 15%. Que reflexos isso tem para o setor produtivo?
Os efeitos são muito negativos, com um grande impacto no custo das empresas na rolagem da dívida, principalmente naquelas empresas que acreditaram no Brasil, investiram em algum momento e se endividaram nesse processo. Estamos aguardando uma redução dos gastos do governo para que os juros voltem a cair e para que as empresas possam respirar aliviadas.
Nas conversas que os empresários têm com o governo, qual é o sinal e o que tem sido dito para melhorar a economia? Quando vamos deixar de ser o eterno país do futuro?
Porque não é dito a verdade para a população. Tomamos decisões equivocadas que têm um impacto enorme no futuro. E é por isso que o Brasil é sempre o país do futuro, nunca é o país do presente, que a gente está sempre fazendo escolhas que são populistas ao invés de fazer as coisas que constroem o futuro.
Dizem que o sonho do brasileiro é ganhar muito dinheiro para ir embora do país. É isso que o governo está proporcionando à população, o desejo de ir embora?
O Brasil é um país maravilhoso, mas infelizmente ele tem uma dívida com a sua população, porque ele não consegue performar. Mas a dívida somos nós também que construímos. Toda a população que faz escolhas, muitas vezes equivocadas e isso tem um preço. A gente tem que começar a fazer as escolhas mais adequadas e acreditar menos em promessas e aceitar alguns sacrifícios no curto prazo para ter um longo prazo melhor.
Que tipo de sacrifício?
Eventualmente você dizer que esse caminho não é o adequado, mesmo que eu vá perder um pouco, esse é melhor a se fazer, o adequado.
O país está tendendo novamente para uma eleição polarizada. Isso pode ser prejudicial para o país e 2026 pode ser um ano perdido por causa dessa situação?
Acho que sim. Temos que ter um debate político de maior qualidade. Eu não estou vendo isso no cenário.
A dosimetria também complica o país?
Não acho que complica o país. Eu acho que nós estamos num cenário que precisamos pacificar o Brasil. Se você comparar as penas que foram dadas no 8 de janeiro, elas são completamente desproporcionais em relações a outros eventos no Brasil. Então, acho que faz parte sim ter esse ajuste que não foi feito no processo judicial, agora via política.
A violência pode aumentar devido a essa situação? Porque a redução das penas vai valer não só para os políticos?
A violência não vai aumentar porque na verdade, não é a pena que gera violência, é a sensação de impunidade. Hoje nós temos um processo que pune muito pouco, porque ele é extremamente moroso, burocrático e ineficiente. Nós temos que lutar por processo mais claros e mais céleres na penalização. Não faz muita diferença para o criminoso se ele vai ficar 8 ou 30 anos preso nas condições das cadeias brasileiras. Entretanto, isso não inibe ninguém de cometer crime, pelo menos os criminosos contumazes.












