O setor produtivo brasileiro teve muito trabalho no último ano para defender suas propostas na reforma tributária. A primeira parte já foi. Não foi a reforma ideal, mas a possível, segundo o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe (foto/reprodução internet), que se prepara para um novo embate na regulamentação da matéria no Congresso Nacional.
O ano começou com queda na taxa de juros. Esse ritmo está dentro das expectativas?
É, está dentro da expectativa do mercado financeiro. Nós entendemos que poderia ser um pouquinho mais acelerado, em função, do comportamento da taxa de inflação, que está bem-comportada, vamos dizer assim. Mas qualquer queda já é positiva. Essa trajetória de queda, faz com que se comece a destravar as coisas. Então, para nossa perspectiva é positiva.
Ainda falta regulamentação de muitos pontos da reforma tributária. O senhor acha que o governo vai conseguir aprovar essa parte da reforma em ano eleitoral?
O mais difícil foi passar a reforma agora. Agora a regulamentação, claro, ela é bastante complexa. Tem gente que acha que é simples. Mas facilita que o quórum para votação é o mesmo de lei complementar, então é maioria simples, o que ajuda.
Para o setor industrial, como está a situação? O governo lançou esse pacote pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele é suficiente para poder alavancar a indústria brasileira?
Não, o pacote ainda foi muito tímido. O que temos dito é que foi uma boa iniciativa, mas ainda muito tímida. Quase todo o pacote é de financiamento. São R$ 280 bilhões de financiamento ao longo dos próximos anos. Então, ele ainda é muito tímido, o que quer dizer que não há dinheiro sendo investido. São apenas linhas de crédito na maior parte do projeto.
O que o país precisa para poder melhorar a indústria brasileira, que passou por um processo de desindustrialização, e atrair novos investimentos?
Basicamente é a simplificação do ambiente de negócios e redução do custo Brasil. São esses os dois fatores principais.
Os estados perdem com essa reforma?
Acho que a reforma foi feita e ninguém perde, mas é uma reforma que poderia ser mais agressiva, mas é muito difícil concatenar todos interesse. Então, acho que foi a reforma possível.
Em Minas Gerais o ambiente de negócios tem melhorado?
O ambiente de negócio em Minas tem melhorado. Mas, como sempre, é muito desafiador. Algumas coisas são de longo prazo, não acontecem no curto prazo.
A infraestrutura ainda é um grande entrave. Como resolver isso?
A infraestrutura é um gargalo. Nós precisamos que o governo federal olhe com bons olhos aqui para Minas Gerais. Nós temos essa expectativa para desatar, justamente, os nós da infraestrutura. O Governo do |Estado começa a ter mais recursos para investir. Mas boa parte dos recursos para infraestrutura realmente quem provê, normalmente, é o governo federal.
O governo erra em investir só em rodovias?
O governo tem todos os modais. Houve a mudança do marco regulatório da ferrovia, que vai permitir investimentos privados, já que o governo não tem recursos, o que achamos que é positivo. Nos aeroportos já houve um grande volume de concessões, que também consideramos positivo. Ainda tem o desafio das rodovias, e eu diria que em Minas Gerais, o que é um pouquinho mais complexo seriam as hidrovias. Mas há oportunidades também. Então são esses modais à nossa disposição, além, obviamente, de gasoduto, que é muito relevante. No caso de Minas Gerais, nesse momento, acredito que gasoduto seria uma prioridade, além das rodovias.