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Governo não desata os nós na infraestrutura nem deixa a iniciativa privada agir

Paulo César de Oliveira
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A economia brasileira sofre com os muitos gargalos burocráticos e problemas de infraestrutura. Desatar esses nós tem se mostrado uma tarefa difícil para os governos federal e dos estados. Com os orçamentos corroídos devido a uma estrutura gigantesca e pouco eficiente, o governo não consegue desatar os nós e os empresários dos vários segmentos do setor produtivos não encontram espaço para entrar onde o governo falha. Com isso, o país tem retrocedido no tempo e fica cada vez mais difícil encontrar saídas viáveis dentro do atual sistema brasileiro. O assunto foi debatido intensamente no Conexão Empresarial Tiradentes 2018, evento promovido pela VB Comunicação e que termina hoje. O consultor econômico, Raul Velloso (foto), entende que essa deterioração começa pela falta de infraestrutura, que impede que a economia brasileira avance e esbarra nos privilégios, que corroem os orçamentos públicos.

 

Se o governo não resolver os gargalos de infraestrutura, o que pode acontecer com a economia do país?

A economia cresce menos, não tem como se expandir, porque ela vai enfrentar obstáculos, que são dados exatamente pela falta de infraestrutura ou pela deterioração ou destruição do que havia antes. Há demanda das pessoas para obter os produtos, mas a infraestrutura não deixa que eles cheguem até elas. Isso é um limitador do crescimento.

 

 O que é necessário para o país retomar o crescimento?

É preciso abrir espaço nos orçamentos públicos para que os investimentos em infraestrutura que o setor privado não quiser fazer, sejam feitos. A iniciativa privada está aí, disponível, querendo fazer investimentos, mas os muitos entraves, em geral no próprio governo, em vez de criar um ambiente favorável para a iniciativa privada, faz o contrário. O governo, paradoxalmente, precisando desesperadamente que a iniciativa privada entre nesse setor, ainda cria obstáculos. É uma coisa totalmente contraditória, com um viés antiprivado e que coloca todas essas coisas em xeque. O setor público precisa abrir espaço financeiro e precisa retirar as travas que ele mesmo cria para que a iniciativa privada possa entrar e complementar o que o setor público faz.

 

As PPPs (Parceria Público Privada) seriam uma alternativa?

As PPPs são de muito pouca eficácia porque elas exigem garantias, que o setor público teria de dar para que o setor privado entre e o governo não tem recursos para dar essa garantia. O espaço é pouco para elas.

 

Governadores e prefeitos reclamam da excessiva concentração de recursos na União. É preciso um novo pacto federativo para o país?

Acho que tem que haver uma revisão. Não sei se um novo pacto federativo. Mas alguma revisão na forma em que os recursos são usados em certos momentos, como o momento atual, que é de crise aguda, a maior recessão da história do país. A União, que é a peça forte dessa engrenagem, tinha de encontrar caminhos para as outras esferas, pelo menos durante o período dessa crise.

 

A reclamação de que os recursos orçamentários estão sendo comprometidos com as estruturas do Executivo, Legislativo e Judiciário procede?

Está comprometido principalmente com os aposentados do serviço público. O peso da previdência pública é muito alto. Existem os segmentos da burocracia dos poderes e tem o conjunto dos aposentados que abocanham uma fatia bastante expressiva.

 

O Brasil trata de forma diferente a população e os servidores públicos?

É um sistema de privilégios que precisava acabar. Mas vamos conseguir acabar… um dia.

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